País asiático é responsável por importar 77% da oleaginosa em grão dos brasileiros. Segundo analista, impacto da guerra comercial entre EUA X China será sentido no segundo semestre, inclusive com recorde de vendas. Veja a previsão!
Daniel Popov, de São Paulo
Muito se fala que os chineses estão comprando mais soja em grão do Brasil este ano e os números divulgados pelo Ministério da Agricultura comprovam isso. No primeiro semestre, o país asiático adquiriu 5,3% mais soja que o mesmo período do ano anterior. O curioso é que, apesar desse incremento, a participação dos chineses não mudou desde 2017 e continua a ser de 77%.
De fato todos os anos os chineses compram mais soja do Brasil, assim como outros países. De janeiro a junho deste ano o país exportou um total de 46,2 milhões de toneladas do grão para o mundo, 5,3% a mais que no ano passado. Quando olhamos para os embarques para os chineses, a proporção é a mesma, ou seja, 5,3% saltando de 34,1 milhões de toneladas no ano passado, para 35,9 milhões este ano.
1º Fórum Soja Brasil – Safra 2018/2019
Com isso a participação chinesa que era de 77,6% no ano passado, está praticamente igual a deste ano que fechou o semestre em 77,7%. Diante destes dados fica claro que o Brasil ainda não sentiu os impactos do embate entre Estados Unidos e China. Segundo o analista Luiz Fernando Gutierrez, isso só será notado no segundo semestre.
“O grande impacto nas vendas veremos a partir de setembro e outubro, até porque a confirmação efetiva dessa taxação chinesa aos EUA só veio agora. O aumento será gradual, não virá tudo de uma vez, mas o Brasil baterá recorde na exportação de grãos de soja”, diz Gutierrez.
Segundo o analista da consultoria, a expectativa inicial de o país exportar 70,8 milhões de toneladas de grãos de soja neste ano comercial (fevereiro 2018 a janeiro 2019) foi superada com a confirmação da taxação chinesa. “Agora prevemos que o Brasil exporte no mínimo 73 milhões de toneladas. Mas há espaço para mais, podendo até chegar a 75 milhões de toneladas de soja em grão. Mais do que isso afetaria os estoques do produto”, conta.
No ano passado o Brasil embarcou 68,8 milhões de toneladas do produto, mas com a possibilidade de um segundo semestre atípico os resultados serão bem mais expressivos. “O primeiro semestre, com o grão colhido, é normal os chineses comprarem mais aqui. A diferença será visto no segundo, no qual as atenções normalmente se voltam para os Estados Unidos. A demanda aumentará bastante aqui no Brasil nesse período”, conta Gutierrez.
Dados da FGV
Dados do Indicador do Comércio Exterior (Icomex), relativo ao mês de junho, e divulgado hoje (19), pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre FGV) apontam que a soja em grão respondeu por 16% do total de produtos exportados pelo Brasil para o mundo nos primeiros seis meses do ano e, se somarmos o minério de ferro e o petróleo, o percentual chega a 33%.