As exportações brasileiras, que ainda se mantinham pouco afetadas pela crise mundial provocada pela pandemia do novo coronavírus, tiveram impactos mais claros nos resultados do mês de junho. Os números preliminares foram divulgados nesta quarta-feira, 1º, pelo Ministério da Economia.
A baixa de preços na maioria dos produtos exportados – tanto do agronegócio, da indústria extrativista e da indústria de transformação – causou queda de 12% na arrecadação obtida com exportações em junho deste ano, em comparação com mesmo mês do ano passado. Em junho 2019, as exportações geraram US$ 968,74 milhões de renda, contra US$ 852,97 milhões em junho de 2020.
“Nossas exportações de produtos agropecuários e da indústria extrativista tiveram melhor desempenho relativo vis a vis com produtos de maior valor agregado. Há uma demanda internacional pelo consumo desses produtos. Mesmo com queda de renda, eles [outros países] continuam comprando produtos alimentares. Estamos vivenciando uma safra recorde de grãos e o nosso agronegócio também é muito competitivo. Porém, os nossos resultados estão sendo muito influenciados pela queda vertiginosa dos preços internacionais. Não só de commodities, mas também de produtos de maior valor agregado”, destacou o Secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz.
As importações também tiveram queda de gastos de 27%. Enquanto em junho de 2019 foram investidos US$ 685,72 milhões em compras de produtos internacionais, no mesmo mês deste ano foram despendidos US$ 497,57 milhões. Apesar dessas reduções, a balança comercial de junho de 2020 fechou com superávit de US$ 7,463 bilhões.
Desempenho do agronegócio
No último mês foram exportadas 13,75 bilhões de toneladas de soja, contra 8,55 bi de toneladas no mesmo mês do ano passado. As vendas do grão geraram US$ 4,667 bilhões. Em junho do ano passado, a soma foi de US$2,883 bilhões. O Ministério da Economia não registrou queda no preço de comercialização.
Já o algodão em bruto registro queda de 11,63% na variação de preços por média diária. Foram comercializadas 56,7 milhões de toneladas, em junho de 2020, com renda de US$ 83,6 milhões. No mesmo período de 2019 foram vendidas 64,88 milhões de toneladas com arrecadação de US$ 108,29 milhões.
Outro produto que teve grande redução na variação de preços por média diária foi a carne de ave: queda de 21,84%. Apesar de terem sido exportadas 48,9 milhões de toneladas a menos em junho deste ano, a arrecadação teve diminuição de US$ 193,45 milhões.
As vendas de soja e carne bovina para a Ásia – excluído o território do Oriente Médio – foram algumas das responsáveis por puxar o superávit da balança comercial de junho de 2020 para cima. As compras de soja, pelo continente, subiram 38,7% e, as de carne bovina, 141,2%.
Mudanças nas classificações
A partir de 1º de julho, o Ministério da Economia divulgará dados da balança comercial tabeladas em acordo com padrões internacionais. Nesse formato, a lista de produtos agropecuários diminui. Carnes bovinas, suínas e de aves, por exemplo, passam a ser enquadradas como mercadorias provenientes da indústria de transformação. Farelos de soja, óleos vegetais e café torrado também passam a fazer parte desta categoria, ao lado de produtos como maquinários agrícolas e pneus de borracha.
Neste sentido, no mês de junho, comparando com igual mês do ano anterior, o desempenho dos setores pela média diária foi de crescimento de US$ 57,49 milhões ( 29,7%) para agropecuária, queda de US$ 54,64 milhões (-26,1%) para indústria extrativa e queda de US$ 118,08 milhões (-21%) em produtos da indústria de transformação.