A expectativa é de que em três a quatro dias a pluma de poluentes chegue ao Rio Turvo, no município de Uchoa, a cerca de 50 quilômetros de Santa Adélia. As águas do Rio São Domingos e do Rio Turvo na região não são empregadas para fins industriais e de abastecimento público.
O incêndio do terminal açucareiro rodoferroviário da Agrovia S/A queimou 28 mil toneladas de açúcar. O fogo começou após uma faísca na esteira de movimentação da carga. No domingo, dia 27, o açúcar começou a se liquefazer sob a forma de xarope. Essa massa de xarope, com temperatura de mais ou menos 80ºC, se expandiu e atingiu a rua Cesar Rossi, de onde foram retiradas 17 pessoas de sete residências. A substância atingiu a nascente existente nas proximidades, a qual é afluente do Ribeirão São Domingos. O Rio São Domingos nasce em Santa Adélia, passa por Pindorama, Catanduva, Catiguá, Tabapuã, Uchoa e deságua na margem esquerda do Rio Turvo, nas proximidades da Ponte da Rodovia Assis Chateaubriand, que liga São José do Rio Preto a Olímpia.
Técnicos da Cetesb explicam que o xarope não é tóxico, mas em função da grande quantidade de material e a excessiva carga orgânica que contém, há diminuição do oxigênio dissolvido na água, com consequente mortandade de peixes.
Há menos de duas semanas, outro incêndio de grandes proporções queimou 180 mil toneladas de açúcar no Porto de Santos, no litoral paulista. Na ocasião, cinco armazéns da empresa Copersucar foram atingidos, sendo três destruídos. As chamas também se propagaram através das esteiras que movimentam a carga.
Prejuízos
Os prejuízos calculados até agora com o incêndio do armazém de açúcar da Agrovia somam US$ 11,4 milhões, o equivalente a R$ 24,8 milhões. O valor considera a perda de 28 mil toneladas armazenadas no terminal 2, onde o fogo teve início, e os preços do contrato de primeiro vencimento (março) de açúcar negociado no mercado futuro da Bolsa de Nova York nesta terça, dia 29. Durante o dia, técnicos da seguradora contratada pela Agrovia Brasil faziam o levantamento da área atingida pelo incêndio. Além dos prejuízos econômicos, há os ambientais, informaram os técnicos.
O terminal onde estava estocado o açúcar foi totalmente destruído pelo incêndio e o terminal anexo, ainda maior, com 45 mil toneladas de açúcar, também corre risco de ser atingido. O açúcar, segundo a empresa, pertence a um pool de mais de dez usinas da região, que mantêm contratos com a Agrovia e entregam sua produção na estação de Santa Adélia para ser levada para o Porto de Santos. Segundo a empresa, as usinas serão ressarcidas do prejuízo. A estação movimenta 1,5 milhão de toneladas de açúcar por ano.
De acordo com a empresa, não é possível falar em números ainda. Os técnicos da seguradora só concluirão os cálculos após a liberação da área. Cerca de 20 mil toneladas de açúcar ainda não queimaram, mas podem servir de alimento aos novos focos de incêndio.
Massa de xarope, com temperatura de mais ou menos 80ºC, atingiu a nascente existente nas proximidades, a qual é afluente do Ribeirão São Domingos
Índice de oxigênio dissolvido no Rio São Domingos, nos municípios de Santa Adélia, Pindorama e Catanduva, é de zero miligrama por litro
Não é possível colocar barreiras de contenção no rio para tentar reter o xarope por se tratar de material totalmente solúvel em água
Cerca de 28 mil toneladas de açúcar foram queimadas no depósito da empresa