Diretor-executivo da entidade, Fabrício Rosa, comenta os dados que apontam produtividade recorde, a comercialização e o clima, que preocupa
Rikardy Tooge | São Paulo (SP)
A safra de soja 2014/2015 está caminhando para sua parte final e já é possível analisar o desenvolvimento de mais um ciclo da principal commodity agrícola do país. O Soja Brasil conversou com o diretor-executivo da Associação dos Produtores do Brasil (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, para comentar as expectativas de produtividade, comercialização e clima até o momento.
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Nas últimas semanas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimaram produção recorde acima de 95 milhões de toneladas. Rosa afirma que a Aprosoja Brasil crê em safra superior aos 86,12 milhões de toneladas de 2013/2014, só que em um número dentro da realidade desta safra até o momento.
– É importante lembrar que esses números (Conab, USDA e IBGE) são baseados em dezembro de 2014, a conjuntura era outra. Hoje temos veranicos no Centro-Oeste, que podem diminuir a produtividade. Não tem como acreditar nisso hoje. Vamos observar como será a recuperação. Um número dentro da realidade é algo entre 90 e 92 milhões de toneladas – aponta.
• Veranico em Goiás causa quebra na produtividade
A falta de chuvas em momentos cruciais da safra tem sido um ponto negativo do ciclo 2014/2015. Em outubro, a estiagem atrasou o plantio nos dois principais Estados produtores, Mato Grosso e Paraná, o que forçou o replantio. Atualmente, veranicos no Centro-Oeste estão prejudicando a fase de desenvolvimento dos grãos, existem cidades que não chove há mais de 20 dias, e quebras de produtividade já são esperadas.
– Algumas cidades já apontaram quebra de safra. Nunca esperamos isso, nossa expectativa é um regime normal de chuvas, só que aconteceu o contrário, não era esperado – comenta.
Comercialização
Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, os produtores brasileiros venderam apenas 32% da safra até o momento. O preço menor afastou o produtor das vendas. O dirigente da Aprosoja Brasil entende como um movimento normal, considerando que o produtor vem de safras boas e pode esperar mais.
– Se olhar o número de duas safras atrás, já tinha sido vendido metade da produção (52%), hoje comercializamos praticamente um terço. Com o preço caindo, o produtor espera, mas também tem um limite em que ele pode esperar – comenta Fabrício Rosa.
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Entre os Estados com mais vendas estão Goiás (45%), Bahia (45%) e Mato Grosso (44%). O Paraná, segundo maior produtor do Brasil, comercializou apenas 17%, metade do que havia comprometido na safra 2013/2014.
– Tivemos alguns saltos, como Mato Grosso e Goiás. No Paraná o produtor mais apreensivo, o replantio prejudicou a safrinha e muitos não fizeram o seguro rural, é normal que usem a soja para ganhar o máximo possível, senão perdem dos dois lados – explica.