Aprosoja vai ao Cade questionar questionar contrato da ALL e Cosan

Aprosoja tenta derrubar um contrato de 2009 que abarca mais da metade da capacidade da linha, prejudicando as exportações de outros grupos econômicosCansados de serem reféns dos produtores de açúcar que utilizam o Porto de Santos para exportar seus produtos, os maiores plantadores de soja do país decidiram questionar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o contrato firmado entre Rumo Logística - gerida pela Cosan - com a ALL, concessionária da ferrovia que chega ao terminal paulista. Assim como outros executivos da indústria sucroenergética, a Aprosoja tenta derrubar um contrato de 2009 que abarca mais da metade da capacidade

– Vamos mandar um ofício ao Cade até o final da semana que vem manifestando a nossa preocupação com a situação – disse o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Fabrício Morais Rosa. A TCA Logística já havia entrado com uma representação no Cade, alegando que o contrato entre a ALL e a Rumo caracteriza abuso de poder econômico, uma vez que praticamente barra a passagem de concorrentes da Cosan no mercado de açúcar e impede também o transporte na linha férrea de outros produtos, como grãos.

O maior temor dos produtores de soja é com a redução compulsória do embarque de grãos por trens por causa do uso preferencial da ferrovia para açúcar. Atualmente, conforme a entidade, são transportadas 1,2 milhão de toneladas por mês e esse volume deve ser reduzido para a metade, podendo atingir até 500 mil toneladas mensais. Caso esse corte seja confirmado, o setor será estrangulado, conforme Morais Rosa.

– Automaticamente, isso aumenta o custo para o produtor, que terá de usar rodovias para escoar a produção. Além de mais caro, não há caminhões disponíveis para todo mundo – disse o executivo da Aprosoja.

– Estamos muito preocupados com o rumo da situação, até porque pode haver concentração de mercado – continuou. É aí que o órgão antitruste tem que atuar.

Morais Rosa disse ainda que se o Cade avaliar que o contrato de 2009 é irregular ou causa desequilíbrio na área logística, a Aprosoja promete ser mais atuante nesse caso, tornando-se terceira interessado direto no processo.

A capacidade de carga da linha férrea é de 18 milhões de toneladas por ano e usualmente o transporte de grãos ocupava entre 10 e 12 milhões de toneladas em cada período. O contrato de 2009, no entanto, assegurou para a Rumo uma garantia de 13 milhões de toneladas/ano transportadas. Esperava-se na época que a ferrovia pudesse ser duplicada, mas problemas no licenciamento ambiental, devido à existência de uma reserva indígena em um trecho da malha, impediram até o momento o aumento do potencial de tráfego de trens. 

Agência Estado