O evento trata de assuntos como mudança climática e seus possíveis impactos nas pastagens e no conforto térmico animal; oportunidades e desafios da arborização de pastagens na pecuária de leite; espécies forrageiras potenciais para a arborização de pastagens e o papel funcional das árvores no sistema silvipastoril. Para o diretor administrativo do Instituto Emater, Richard Golba, a pesquisa tem dados conclusivos sobre os benefícios do uso de árvores em áreas de pastagem. No entanto, é preciso levar essas informações ao produtor e motivá-lo a adotar este sistema.
– A Extensão Rural tem que participar de eventos como este para ser o elo entre a pesquisa e o produtor – destacou Golba.
Dois trabalhos desenvolvidos por extensionistas paranaenses são divulgados durante o simpósio. Wander de Souza, do Instituto Emater, apresenta dados de um estudo do microclima em sistemas silvipastoris com eucalipto plantado em renques. Em 2007, ele avaliou três propriedades na região de Paranavaí e observou a influência das árvores no microclima e no ambiente para a criação de bovinos. Segundo Souza, a conclusão é que as árvores melhoram as condições ambientais, aumentam os índices de conforto animal e possibilitam ganhos na produção de leite e de carne.
– O eucalipto, quando adequadamente implantado, não seca o solo como acreditam os produtores – disse Souza. Segundo ele, as árvores podem diminuir a velocidade dos ventos e, desta forma, reduzir a evaporação da umidade do solo.
– Além de melhorar a pastagem e o ambiente, com a sombra para os animais, o produtor ainda tem madeira para vender e conseguir uma renda extra – acrescentou Souza.
Um segundo estudo foi realizado por Erni Limberger, também extensionista da região de Paranavaí. Ele sempre ouviu a alegação dos produtores de que o eucalipto secava a terra, além de competir por nutrientes com a pastagem. Limberger, então, comparou uma área arborizada e outra sem árvores. Sua conclusão é que, ao contrário do que se diz, o sistema silvipastoril aumenta o oferta de água no solo .
– A água permanece mais dias no solo, ficando disponível para as plantas por mais tempo – informou. Em seu trabalho, Limberger analisou a umidade do solo em sistemas silvipastoris em renques de eucalipto no Arenito Caiuá, região Noroeste do Estado.
De acordo com ele, na experiência foram instalados renques com o espaçamento de dois metros entre as plantas e 20 metros entre as linhas. Na área até 2,5 metros de distância da linha de eucalipto, a umidade superficial (até 20 centímetros de profundidade) era igual a da área sem as árvores. Abaixo desse nível, a área arborizada apresentava menos umidade que as áreas sem árvores. Mas a partir de 5 metros dos eucaliptos a área arborizada apresentava mais água e, a 10 metros das árvores, o solo apresentava mais água em todas as profundidades.
– Mesmo no período de seca observamos que o eucalipto não competiu com o pasto por água e a pastagem não foi danificada – disse Limberger.
Ele afirma que desde que o espaçamento seja adequado, o sistema silvipastoril oferece vantagens para o criador.
– Para a bovinocultura de leite, representa a possibilidade de aumentar a produção e o conforto animal. Para a pecuária de corte, a produção pode até ser a mesma, porém o produtor ganha um dinheiro extra com a extração de madeira – explicou.
Para divulgar essas informações o Instituto Emater vem realizando diversos “dias de campo”, reunindo produtores de todo o Estado. O próximo será em 16 de outubro, em Terra Rica.
– Hoje o produtor sabe que o sistema silvipastoril é vantajoso, mas ainda não faz a sua implantação no momento certo. Para funcionar, esse trabalho tem que ser feito de maneira profissional. É preciso usar mudas de qualidade, no tamanho recomendado e fazer a adubação das plantas – observa.
Nesta quinta, dia 10, os participantes do simpósio conhecerão as experiências de arborização de pastagens da Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile, além dois trabalhos dos órgãos de extensão rural de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
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