Desde a safra 2007/2008 o milho cultivado no verão em Mato Grosso não registrava aumento de área. Aliás, nas últimas três safras as lavouras plantadas neste período perderam espaço no Estado. As plantações, que chegaram a ocupar 178,6mil hectares na safra 2007/2008, recuaram gradativamente e somaram apenas 62 mil hectares na safra passada, uma queda de 65% no período.
Desta vez a situação é diferente. A perspectiva é de crescimento das lavouras, que devem ocupar 69,6mil hectares. Uma expansão de 12% em relação ao ciclo passado.
Na ponta do lápis este aumento não representa um número muito expressivo, já que a primeira safra de milho não ocupa tanto espaço em Mato Grosso. Apesar disso, o fato é que o crescimento da área plantada agora sinaliza a expectativa e o otimismo dos agricultores, que apostam no cenário positivo para o cereal.
A comercialização antecipada do grão, que alcança volume recorde, confirma o bom momento. Mais de 45% de toda a produção que deve ser colhida nas safras de verão e inverno já estão negociados. E se os preços elevados e a demanda aquecida movimentam o mercado, muitos produtores aproveitam para investir na rotação de culturas. Substituem a soja pelo milho, algo que não estava sendo feito da maneira esperada nos últimos anos, por conta dos riscos do investimento no cereal.
? Era inviável plantar, pagávamos para poder comercializar. Hoje porém, com o mercado e cultivares diferenciadas, clima diferente, clima de janeiro muito nublado com pouca incidência solar que afeta diretamente o milho, a adaptabilidade tem melhorado muito. A rotação de cultura, por menor que seja, está tomando espaço. Não é que o produtor não queria, mas hora que faz a conta e vê que vai pagar para produzir, acaba indo pra soja mais um ano. Tendência de primeira safra é aumentar a cada ano. No sul do Estado estão colocando em 10, 15% de suas áreas, nas áreas que precisam ser rotacionadas. Tecnicamente falando, milho é uma grande alternativa ? explica o gerente técnico da Associação dos Produtores Mato-Grossenses (Aprosoja), Luiz Nery Ribas.
A utilização do milho na rotação de culturas também é defendida pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato). Para o diretor da federação, Nelson Piccoli, os agricultores que apostarem no cereal na primeira safra estarão fazendo um bom negócio.
? É uma grande oportunidade para que produtor que faz prática estar vendo o seu solo. Temos necessidade de rotação de cultura. Aproveitando o bom preço do milho, temos condição de fazer rotação ? ressalta.
Se o tempo ajudar, Mato Grosso deverá produzir pelo menos 372 mil toneladas de milho na safra de verão. Já na safra de inverno, que é a mais forte para o cereal no Estado, a estimativa é colher mais de 8,9 milhões de toneladas, em uma área de dois milhões de hectares.