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Pessôa afirmou, no entanto, que do ponto de vista agronômico, o cultivo de soja sobre soja é uma temeridade.
– É quase uma irresponsabilidade sanitária e agronômica – afirmou, ressaltando o risco de proliferação de pragas.
Pessôa discutiu esse assunto em palestra realizada nesta quarta em encontro com investidores da BrasilAgro, em São Paulo (SP).
Preços mais baixos para soja
Pessôa afirmou nesta quarta que espera preços mais baixos para soja a partir do primeiro semestre de 2014. De acordo com ele, embora o contrato futuro de março negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) sinalize cotações na casa de US$ 13,30 por bushel, a oleaginosa deve ficar ligeiramente acima dos US$ 12/bushel.
Pessôa observou que no começo do ano os produtores norte-americanos devem definir as intenções de plantio na safra 2014/2015 para a contratação do seguro rural. A expectativa é de que a área de soja seja ampliada em 1,5 milhão de hectares nos Estados Unidos e a produção alcance 93 milhões de toneladas, disse.
Com a confirmação da safra norte-americana, no segundo semestre, os preços devem cair abaixo dos US$ 12 por bushel, segundo ele. O sócio-diretor da consultoria alertou que os preços mais baixos devem diminuir o ímpeto de expansão de área no Brasil para 400 mil a 500 mil hectares na safra 2014/2015.
Ainda assim, a relação estoque/uso ao término do ciclo 2014/2015 deve ficar em 31%, potencialmente derrubando as cotações para menos de US$ 11 por bushel. A relação estoque/uso no ciclo 2013/2014 deve ser de 26%, conforme o executivo.
Segunda safra de milho em 2014
Pessôa também afirmou que a segunda safra de milho em 2014 deve ocupar a mesma área de 2013, apesar da sinalização de que haverá expansão das lavouras de algodão, sorgo e girassol. Ele explicou que a possibilidade de manter os 8,99 milhões de hectares semeados no país, conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se deve ao plantio de soja precoce em cerca de 1 milhão de hectares, área que estará disponível para a safrinha.
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A produção brasileira de milho safrinha deve ficar em cerca de 40 milhões de toneladas em 2014, e a safra total na casa de 80 milhões de toneladas, segundo a consultoria.
– A área de milho segunda safra vai se manter estável, porém haverá uma redução de tecnologia – comentou Pessôa.
Em Mato Grosso, a área de milho safrinha deve ser de 3,5 milhões de hectares, e a colheita deve superar 20 milhões de toneladas, em linha com o desempenho de 2013. Já para a safra verão, Pessôa espera uma redução de 500 mil hectares no Centro-Sul do país, que serão destinados à soja.
Como os Estados Unidos devem transferir área do milho para soja na safra 2014/2015 por causa da rentabilidade mais alta da oleaginosa, o sócio-diretor da Agroconsult vê espaço para alguma recuperação dos preços do cereal. Para o fim de 2014, ele projeta cotações de US$ 4,80 por bushel, acima dos valores praticados atualmente na CBOT. Em termos de produção, Pessôa estima que os EUA tenham potencial para colher 323 milhões de toneladas no próximo ciclo.
Ainda de acordo com ele, o Brasil deve exportar 22,6 milhões de toneladas em 2014, ante 26,3 milhões de toneladas esperados em 2013. No entanto, o volume só deve ser atingido se o governo continuar apoiando o escoamento da produção por meio de Leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e Leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), acrescentou.