– Como no Rio Grande do Sul, quase 100% dos produtores já usam a tecnologia, a expansão deve ocorrer no cerrado – afirmou Smith. Nos Estados Unidos, os transgênicos correspondem a 90% da produção da oleaginosa e na Argentina o porcentual é de quase 100%.
A companhia também trabalha com uma perspectiva positiva para o primeiro evento transgênico BtRR2Y, aprovado na última quinta-feira, 19, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Trata-se da primeira tecnologia desenvolvida para um mercado fora dos Estados Unidos, que demandou investimentos de US$ 100 milhões. Com a nova tecnologia, as plantas serão resistentes a três tipos de lagartas que provocam perda de rendimento das lavouras. Smith explica que estas pragas são mais comuns em países de clima tropical como o Brasil.
– Não há registros nos Estados Unidos e ocorrem em nível muito baixo na Argentina – afirma. A outra vantagem da nova semente, é que a produtividade pode ser de 5% a 10% maior se comparadas às variedades já cultivadas no Brasil.
A medida foi publicada nessa segunda, 23, pelo Diário Oficial da União (DOU). A partir desta data, haverá um período de 30 dias para possíveis questionamentos à decisão tomada pela CTNBio. Se houver algum pedido de revisão, a decisão sobre a aprovação da tecnologia BtRR2Y passa para o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), conhecido como Conselhão, por incluir representantes de 11 ministérios. Somente após a aprovação final é que a companhia terá permissão para reproduzir a semente em escala comercial. Com isso, o produto deve estar disponível para a safra 2013/2014, explica o diretor comercial da Monsanto.
Para o executivo, o grande desafio do setor agroquímico agora será oferecer aos produtores sistemas de manejo que sejam eficientes no combate das plantas que desenvolveram resistência ao herbicida glifosato.
– Demorou quase 30 anos, desde o desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados (OGMs), para surgirem as primeiras plantas resistentes – calcula o executivo.
No Brasil, os primeiros sinais de ervas daninhas resistentes surgiram há cinco anos no Rio Grande do Sul. Entre estas estão, a buva, o azevém e o capim amargoso. Também há registros nos Estados do Sul, no sul de Mato Grosso do Sul e noroeste de São Paulo, próximo da divisa com Minas Gerais. Segundo ele, a recomendação é que os produtores façam a rotação de princípios ativos nas plantações. Ou seja, alternar o uso de herbicidas, em vez de usar apenas o glifosato.
– A Monsanto também já está trabalhando na pesquisa de eventos de tolerância a outros herbicidas, para combater ervas de folhas largas, como a buva – afirma Smith.