De acordo com a pesquisa o potencial do retorno financeiro é de R$ 6 bilhões por ano, e pode chegar a R$ 10 bilhões até 2016. Mas para isso, é preciso que investimentos sejam feitos na estrutura das áreas nacionais , estaduais e municipais de proteção a biodiversidade.
? Uma coisa na ordem de R$ 1,8 bilhão durante algum tempinho pra você fazer essa primeira implementação, que é a mais cara. Depois dobrar mais ou menos o orçamento do que já é gasto pra que você tenha implementação e manutenção adequada dessas unidades de conservação, pra que elas consigam cumprir todos os seus papéis. Então você tem que ter um investimento em fiscalização, como também a gente chama de implementação, mas pro uso econômico. Para o uso público das unidades de conservação ? avalia o técnico em planejamento e pesquisa do Ipea, Jorge Hargrave.
A estimativa do retorno financeiro do projeto, considera os bens e serviços que são ou poderiam ser fornecidos pelas unidades de conservação, como produtos florestais, visitação pública e aluguel do estoque anual de carbono não emitido.
? A perspectiva é de um ponto de vista da sociedade como se pode gerar emprego e renda. Tem diversos usos associados das unidades de conservação que são permitidos pela lei, como ela está hoje, não precisa modificações da lei, pra que você realmente utilize ? afirma Hargrave.
O foco autosustentável da pesquisa agradou a direção do Parque Estadual Itapuã, localizado na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul. Com uma área de quase seis mil hectares, o parque é uma unidade de conservação e protege entre outros animais importantes, a capivara que é ameaçada pela caça ilegal.
Para dar conta de toda a área, é preciso investimentos em pessoal e estrutura. Atualmente a gestão enfrenta algumas dificuldades e a ideia é incentivar a autosustentabilidade garantindo mais renda aos moradores da região.
? O lugar é pequeno com pequenas possibilidades de emprego, de renda. O parque hoje já emprega grande parte das pessoas que moram aqui na região e poderiam empregar muito mais, de uma forma terceirizada. Por exemplo, nós temos varias trilhas, e não temos como fazer, eu entendo que a pessoa que vem aqui ao Parque Estadual Itapuã, que não consegue entrar numa trilha, não teve total interação com a natureza ? ressaltou o gestor do Parque Itapuã, Carlos Alberto Saraiva Mancio.
O gestor acredita que os moradores do entorno do parque poderiam desempenhar a função de guia, já que conhecem muito bem o local, a história da região e os caminhos.
? Treinados com um curso apropriado pra isso e que esse pessoal pudesse então até ganhar algum dinheiro, de forma legal é claro, conduzindo as pessoas às trilhas. Isso é um sonho, uma coisa que pode ser viável se realmente a gente for ampliar todo esse atendimento aos visitantes do parque ? complementa.