Após nova reunião entre o ministro da Agricultura da Argentina, Luis Basterra, e representantes do setor produtivo, foi comunicado que um acordo foi firmado entre as partes. Como resultado, haverá um novo aumento no imposto (retenciones) sobre a exportação da soja, que passará de 30% para 33%.
A medida já era esperada desde o fim da semana passada, quando o governo paralisou temporariamente a autorização de exportação de soja do país. A ideia era evitar que os negociadores corressem ao mercado para tentar adiantar as vendas com o imposto antigo.
A perspectiva é que o decreto seja publicado nesta próxima quinta-feira, 5, quando também deverá ser reaberto o registro de exportações.
Segundo a imprensa argentina, o Ministro da Agricultura, Luis Basterra, ofereceu um esquema de compensação para os 42 mil produtores, com a redução de direitos para outras culturas, para diminuir o descontentamento do campo.
“Isso é muito ruim para o setor da soja, pois além das retenções, há preços internacionais baixos. Muitos produtores têm a intenção de realizar uma greve agrícola na semana que vem, segundo as associações do setor”, diz Sebastian Gavalda, sócio diretor da empresa Globaltecnos, da Argentina.
Gavalda explica que, de toda a arrecadação obtida com o setor agropecuário, 67% são oriundos da venda de grão, farelo e óleo de soja. Outros 14% vem do milho e do trigo, que não tiveram redução nas retenciones e continuam com 12% de arrecadação.
“Essas são nossas três principais culturas, respondem por 81% das exportações. Ou seja, a redução no restante das culturas não compensa. Aliás, essas compensações nunca deram resultado antes. Os produtores seguem com a intenção de fazer greve na próxima semana”, diz Gavalda.
Lembrando que no fim do ano passado, o presidente do país Alberto Fernández já havia elevado o imposto de exportação da oleaginosa de 24,5% para 30%.
Produtor reclama
O produtor argentino Luis Testa, que produz soja em 2,2 mil hectares na cidade de Nove de Julho, diz que as medidas atuais é mais uma dificuldade que os produtores do país terão que enfrentar, junto com os problemas climáticos, ecológicos, gerenciais e econômicos que se acumulam.
“Por esse motivo a raiva é geral. Mais uma vez é o mesmo setor que continua solidário com o estado nacional. O mesmo governo que maltrata o setor com medidas que não visam melhorar a competitividade da produção, mas sim para que ela diminua”, afirma Testa.
Para ele, o aumento das retenciones já coloca em risco a rentabilidade da próxima safra e os produtores terão que fazer contas para tentar conseguir algum lucro. Quando indagado se pretende deixar a atividade agrícola, Testa afirma que sua fazenda já toma medidas contra este tipo de mudança há algum tempo.
“Como empresa, estamos em processo de diversificação da produção. Integrando a produção de grãos à agricultura, nos defendendo melhor desse tipo de medidas. Não penso em deixar a atividade, não. Mas para continuar no negócio, tentamos trabalhar melhor todos os dias, ser mais competitivos”, afirma
Confira abaixo o quadro de mudança nas retenciones: