A entidade vai defender as medidas oficiais para o setor e tentar diluir a longa briga que as quatro principais associações ruralistas travam com o governo argentino. A ideia de criar uma instituição ruralista ligada ao governo visa a seduzir os pequenos e médios produtores e dividir o movimento ruralista.
O lançamento do grupo estava previsto para outubro passado, mas com a morte de seu criador, o ex-presidente Néstor Kirchner, no mesmo mês, o evento foi cancelado. Os integrantes da entidade vão entregar um documento à presidente com uma radiografia do setor, o diagnóstico dos problemas e uma série de propostas para saná-los.
Nas mais de 300 páginas, uma das propostas principais é a criação de uma agência estatal para comercializar grãos e derivados, o que vem provocando muita polêmica entre os produtores. A organização também propõe maior participação das cooperativas na exportação de grãos.
Um dos patrocinadores da corrente é o ministro de Agricultura, Julián Domínguez, cuja foto tem aparecido em cartazes de campanha política espalhados por Buenos Aires nos últimos dias. A propaganda apenas insinua que o ministro será candidato, mas não indica a que cargo. Entre os ruralistas, a especulação é de que Domínguez seria candidato a vice-governador da província de Buenos Aires, na chapa liderada pelo governador Daniel Scioli, que tenta a reeleição.
Domínguez aproveita o bom momento da safra agrícola de 2010/11, que pode superar 100 milhões de toneladas, conforme cálculos de seu Ministério, e os elevados preços dos alimentos, que garantem ao governo uma arrecadação de cerca de US$ 3 bilhões com os impostos cobrados pelas exportações.