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Argentina: crise na pecuária estimula importação de carne uruguaia

Produção argentina de carne deve cair em quase um milhão em relação ao ano passadoA importação de carne do Uruguai pela Argentina aumenta cada vez mais, marcando uma tendência ? embora o volume ainda não seja expressivo. De acordo com dados do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina, o país importou 991 toneladas de janeiro a julho de 2010, em comparação com 599 toneladas em igual período de 2009. O resultado corresponde a um aumento de cerca de 65% e o volume já supera toda a compra do ano passado.

Os dados do Senasa são confirmados pelo Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, embora com números ainda mais elevados. Em volume, segundo o instituto, as vendas passaram de 676 toneladas para 1.152 toneladas, com alta de 70,4%. Em valor, o desempenho saltou pouco mais de 80%, de US$ 1,2 milhão para US$ 2,2 milhões. 

Para os especialistas, o ritmo das importações foi retomado e muitos temem que, no atual cenário de crise do setor, o volume possa chegar perto do verificado há dois anos. Em 2008, no auge do conflito entre o setor agropecuário e o governo de Cristina Kirchner por causa das retenções (impostos de exportações), o país importou 2.201 toneladas de carne. A maioria dos cortes uruguaios que a Argentina importa é o “asado” (costela), o tradicional corte do churrasco. O grosso das importações atende à demanda das províncias fronteiriças, como Entre Ríos e Corrientes.

A forte estiagem no fim de 2008 e em 2009, somada à crise internacional e às políticas de desestímulo do governo Kirchner, provocou uma retração de 50% no abate de bovinos. O rebanho argentino teve uma redução de 10 milhões de cabeças nos últimos quatro anos.

As projeções dos organismos ligados ao setor são de que a Argentina deva produzir em 2010 apenas 2,6 milhões de toneladas de carne, volume bem abaixo dos 3,4 milhões de toneladas do ano passado. O consumo argentino de carne bovina, que chegou a representar a 70% do total anual de proteína animal há um ano, agora gira em torno de 56%. Mais de 20 frigoríficos argentinos fecharam suas portas este ano por falta de animais para o abate.

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