Os dados do Senasa são confirmados pelo Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, embora com números ainda mais elevados. Em volume, segundo o instituto, as vendas passaram de 676 toneladas para 1.152 toneladas, com alta de 70,4%. Em valor, o desempenho saltou pouco mais de 80%, de US$ 1,2 milhão para US$ 2,2 milhões.
Para os especialistas, o ritmo das importações foi retomado e muitos temem que, no atual cenário de crise do setor, o volume possa chegar perto do verificado há dois anos. Em 2008, no auge do conflito entre o setor agropecuário e o governo de Cristina Kirchner por causa das retenções (impostos de exportações), o país importou 2.201 toneladas de carne. A maioria dos cortes uruguaios que a Argentina importa é o “asado” (costela), o tradicional corte do churrasco. O grosso das importações atende à demanda das províncias fronteiriças, como Entre Ríos e Corrientes.
A forte estiagem no fim de 2008 e em 2009, somada à crise internacional e às políticas de desestímulo do governo Kirchner, provocou uma retração de 50% no abate de bovinos. O rebanho argentino teve uma redução de 10 milhões de cabeças nos últimos quatro anos.
As projeções dos organismos ligados ao setor são de que a Argentina deva produzir em 2010 apenas 2,6 milhões de toneladas de carne, volume bem abaixo dos 3,4 milhões de toneladas do ano passado. O consumo argentino de carne bovina, que chegou a representar a 70% do total anual de proteína animal há um ano, agora gira em torno de 56%. Mais de 20 frigoríficos argentinos fecharam suas portas este ano por falta de animais para o abate.