O esquema é o mesmo já aplicado para a carne, milho, trigo e leite. A justificativa também é similar: garantir a oferta para o mercado local a baixo custo e estabilizar os preços das peças de vestuário. A decisão do governo tem o objetivo de evitar que a alta da commodity se transfira ao bolso do consumidor argentino, já castigado pela inflação de 25% ao ano.
Na Bolsa de Nova York, principal referência do preço internacional, as cotações da fibra acumulam alta de 105% nos últimos 12 meses. Faltando cinco meses para as eleições presidenciais, a Casa Rosada busca evitar novos aumentos das roupas populares.
A partir de agora, o exportador terá que solicitar o registro para embarcar o produto e esperar a aprovação do polêmico secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Para obter a autorização, o exportador terá que assinar um convênio pelo qual se compromete a abastecer a indústria têxtil interna pelo preço fixado. Apenas se houver excedente, Moreno vai autorizar o embarque do algodão.
Os produtores de algodão reclamaram da medida. Em uma nota intitulada “Uma nova vítima da política agropecuária”, a Confederação de Cooperativas Agropecuárias (Coninagro) afirmou que, com a intervenção no mercado de algodão, o governo voltou a escolher o caminho inadequado.
? O algodão segue os passos da carne, onde a política intervencionista do Estado produziu um recuo brutal na produção e, hoje, a escassez se paga com o preço ? criticou a entidade.
Os produtores argumentaram que o algodão é um cultivo muito sensível ao sobe e desce de preços do mercado, e a correção nas distorções das cotações demora, geralmente, apenas uma safra para ocorrer.
? Diante das projeções de preços e condições desfavoráveis, a área semeada diminui rapidamente. Igual ao trigo, a produção de algodão é superior ao consumo local. Para esta safra se esperam 300 mil toneladas, enquanto a indústria demanda 200 mil toneladas para o consumo interno ? afirmou a nota.
Segundo a Coninagro, os produtores de algodão, a partir de agora, “vão percorrer o mesmo caminho que os de trigo, milho ou carne, ou seja, o do desestímulo da produção”.
A Federação Argentina de Indústrias Têxteis acredita que o cerco contra as importações de roupas também deve se intensificar. As importações do setor subiram 20% em 2010 e superaram a cifra de US$ 300 milhões.