– O governo tinha considerado que a safra renderia cerca de 11 milhões de toneladas, com um saldo inicial para exportar de seis milhões e entregou as autorizações de exportações – relatou uma das fontes.
Agora, com o excesso de chuvas, que provocou menores rendimentos da safra e problemas de qualidade, segundo o trader, o governo está preocupado com o abastecimento interno e quer reduzir as autorizações para exportar.
– O saldo de exportação que Moreno quer autorizar, agora, é de 4,5 milhões de toneladas – completou.
Outra fonte exportadora informou que Moreno quer o compromisso de devolução das guias autorizadas dos embarques. Diante da devolução, ele autorizaria a normalização da saída de navios que já estão carregados com trigo, cuja colheita teve início em meados de novembro.
O presidente da Associação de Trigo Argentino (Argentrigo), Santiago Labourt, prevê que as dificuldades para os embarques dos navios permanecerão até fevereiro.
– Neste mês, toda a cadeia deverá informar ao governo quanto trigo físico existe da safra atual. Com base nesta informação, teremos o volume exato do trigo disponível para exportação – disse Labourt.
Ele estimou que na conta final haverá as seis milhões de toneladas para exportar – cinco milhões de toneladas dos grandes exportadores e um milhão das pequenas cooperativas.
No mercado, as tradings não são tão otimistas.
– Não sabemos como solucionar esse problema. Especialmente porque os exportadores que compraram um determinado volume, agora terão que devolver esse trigo e não sabemos a quem, se aos moageiros e a que preço -, reclamou uma fonte. A demanda interna e trigo na Argentina é de seis milhões de toneladas.
Brasil
O Brasil é dependente do cereal argentino – compra do país cerca de 90% do volume total importado. E, neste ano, precisará comprar mais já que a safra gaúcha foi seriamente afetada pelo excesso de chuvas. Normalmente, o país compra de cinco milhões a seis milhões de toneladas do país vizinho.
O vice-secretário de Agricultura da Argentina, Oscar Solis, disse o Ministério de Agricultura não “está proibindo nenhuma exportação”. Segundo ele, o problema nesta safra não é volume, mas qualidade.
– Há claramente um problema climático que afetou a qualidade do trigo, mas até o fim de dezembro teremos uma estimativa verdadeira dos volumes para exportação e do que os moinhos necessitam para o abastecimento interno – disse Solis. Por enquanto, ele trabalha com volume de 11 milhões de toneladas e exportação de seis milhões de toneladas.