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AMÉRICA LATINA

Argentina: quem é Javier Milei? E o que ele quer para o agronegócio

O economista Javier Milei, 52, do partido Liberdade Avança, venceu as eleições primárias realizadas na Argentina

Novo fenômeno da política na América Latina, o economista Javier Milei, de 52 anos, pertencente ao partido Liberdade Avança, emergiu como o vitorioso das eleições primárias conduzidas neste domingo (14), na Argentina.

Autodeclarado como um “anarcocapitalista”, Milei obteve 30,04% dos votos.

Ele venceu em 16 dos 24 distritos eleitorais, entre eles, Córdoba, Santa Fe, Mendoza e Jujuy.

A legislação exige que todos os partidos participem das prévias, mesmo que haja um único candidato, tornando o processo uma formalidade peculiar e universal para todas os partidos.

O substituto do presidente Alberto Fernández será escolhido no dia 22 de outubro.

Quem é Javier Milei?

Natural de Buenos Aires, Javier Milei é formado em Economia pela Universidade de Belgrano.

De acordo com fontes do jornal argentino “Clarín“, Milei personificou a imagem de ‘forasteiro político’.

Fã declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre as propostas do economista estão fechar o Banco Central e adotar o dólar como moeda oficial da Argentina.

“Estamos promovendo um sistema bancário e uma reforma monetária que, em última instância, levará ao desaparecimento do Banco Central, permitindo aos argentinos escolherem suas próprias moedas e escaparem da moeda emitida por políticos”, disse Milei.

Milei já atuou como assessor de um militar que governou a província de Tucumán durante a ditadura e posteriormente se tornou deputado nacional.

Além disso, desempenhou o papel de economista-chefe na Fundação Acordar, uma organização ligada ao ex-governador peronista de Buenos Aires, Daniel Scioli.

Milei ganhou destaque na mídia ao apresentar um programa de rádio na Conexioón Abierta, uma emissora online, antes de se tornar uma figura regular em programas de televisão que abordam uma variedade de tópicos.

Agronegócio argentino

Argentina
Foto: Agência Telam

Com uma extensão territorial que o coloca como o segundo maior país da América do Sul, e uma população que o posiciona em terceiro lugar na região, a Argentina destaca-se como uma potência em diversos aspectos.

Falando em agricultura, a Argentina figura entre os cinco maiores produtores globais de commodities como soja, milho, semente de girassol, limão, pêra e erva-mate.

Além disso, destaca-se como um dos dez maiores produtores mundiais de cevada, uva, alcachofra, tabaco e algodão, e entre os quinze maiores produtores de trigo, cana-de-açúcar, sorgo e toranja.

Apesar de manter sua posição como o principal produtor de trigo na América do Sul e conservar uma longa tradição nesse cultivo, é inegável que a economia do país tem se ancorado cada vez mais na soja, onde é líder mundial na exportação de farelo e óleo.

Além disso, outras culturas enriquecem o panorama agrícola, como milho, cevada, algodão, tabaco, limão, pêra e maçã, juntamente com a produção vinícola proveniente das uvas.

No setor pecuário, a Argentina ganha destaque global como o quarto maior produtor de carne bovina. O país é superado pelos Estados Unidos, Brasil e China.

O país também se posiciona como o quarto maior produtor de mel e o décimo maior produtor de lã.

Apesar de ser uma potência global agrícola, a Argentina convive desde 2002 com uma política de impostos de exportações, conhecidos por ‘retenciones’.

Propostas de Milei para o campo

Milei venceu em várias províncias fundamentais para a agropecuária, com destaque para Córdoba e Santa Fé, que estão entre as três principais contribuintes na produção de grãos, leite e carne.

Mas qual é a visão do candidato libertário para o setor?

Segundo o ‘Clarín’, na recente Exposição da Sociedade Rural Argentina, onde pré-candidatos presidenciais se engajaram em debates, Milei afirmou:

“Queremos retomar nosso papel como celeiro do mundo”.

O economista enfatizou o valor do setor agrícola, referindo-se a ele como “um dos principais motores do nosso país, o coração pulsante”.

Milei salientou: “Produzimos alimentos para 400 milhões de pessoas, enquanto o Estado se apropria de 70% da renda gerada pelo campo. Isso significa que o Estado priva 280 milhões de pessoas de comida, e incrivelmente, quase 5 milhões de argentinos enfrentam a escassez alimentar.”

De acordo com Milei, é “essencial avançar na unificação cambial e eliminar as retenções”, complementado por “ações no âmbito comercial que visam desregulamentar o comércio, abolir quotas e ampliar o financiamento ao setor”.

Dentro de seu plano de governo, Milei propõe para o agronegócio:

  • Eliminar o Banco Central.
  • Abolição de todas as retenções, sem exceção.
  • Negociação para eliminar o imposto de renda bruto.
  • Remoção de todas as restrições ao comércio internacional, incluindo cotas, tarifas, permissões e autorizações.
  • Implementação de uma nova legislação de sementes.
  • Lançamento de um plano de infraestrutura liderado pelo setor privado para o desenvolvimento de rodovias nacionais, estaduais e rurais.
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