O diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), João Batista Gomes, apurou para a safra de arroz 2021/2022 um custo de produção de R$ 90,74 por saco de 50 quilos, considerando uma média de 166,13 sacos por hectare e dentro de um critério e metodologia já estabelecido de usar a média das últimas três safras. “Parte deste custo é uma projeção, ou seja, são aqueles ítens que ainda não estão consolidados”, explicou, destacando que trata-se de um guia, de um alerta para esse ano.
Os dados foram apresentados durante a Câmara Setorial Nacional do Arroz, realizada durante Abertura Oficial da Colheita do Arroz, na Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS).
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O presidente da Câmara Setorial do Arroz, Daire Coutinho, afirmou que entre os temas debatidos nesta reunião, o protocolo de auto-regulamentação que vem sendo elaborado por um grupo de trabalho é um desafio para o setor. “Nós temos o vencimento da antiga lei de classificação e um projeto novo que já está indo para o Senado, e traz uma nova realidade, focando também na rastreabilidade. Como o setor do arroz é de muita pulverização de produção, temos dificuldades nisso, mas a cadeia assumiu um compromisso com o Ministério da Agricultura de apresentar um projeto de auto regulamentação”, informou.
Coutinho também enfatizou o debate sobre os custos de produção, ressaltando que os números apresentados pelo Irga assustam e preocupam. “A primeira preocupação é com a comercialização da safra e a segunda em relação aos produtores que tiveram problemas com custos altos e perdas com a falta de chuvas. Eles vão estar à margem da comercialização que está se acelerando e melhorando, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou dentro de uma conjuntura de preços melhores”, alertou, dizendo que será preciso encontrar uma solução.
Na sequência, Sérgio Santos, da Conab, apresentou dados referentes ao mercado de arroz, como preços, custos, produtividade e exportação. Em relação à produtividade do cereal no estado destacou que devido à redução hídrica o impacto deve ser uma redução de 11,4%, de acordo com o 5º Levantamento da Safra de Grãos 2021/2022, divulgado semana passada. Sobre exportação, afirmou que no início de janeiro foi notada uma demanda muito forte para o arroz brasileiro.
Na parte de preços, ao fazer uma análise qualitativa do mercado, Santos falou que há uma tendência de elevação ao longo de 2022. “Os produtores estão mais capitalizados, com capacidade de escalonar mais as vendas, se tem uma menor safra 2021/2022, boa demanda externa e a projeção de situação de superávit. O mercado asiático está bem aquecido”, observou.
Santos colocou, ainda, que mesmo em um cenário otimista, com uma expectativa de recuperação dos preços este ano, a elevação dos custos de produção deve frear a rentabilidade. “Identificamos um significativo aumento tanto do custo variável quanto do operacional, e esta elevação está nos levando de volta para um cenário de rentabilidade não muito atrativa para a safra 2021/2022”, concluiu.