– Estamos falando de arroz irrigado e o gasto com energia elétrica pesa bastante para o arrozeiro. Chega a 10% do custo total de produção, por isso esta perspectiva de reajuste é preocupante – afirmou o presidente da entidade, Henrique Dornelles, em entrevista coletiva na capital gaúcha.
A previsão da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) é de que o Rio Grande do Sul, que responde por 60% da produção nacional, colha 8,17 milhões de toneladas em 2014/2015, 0,7% a mais que no ciclo passado.
De acordo com Dornelles, as chuvas em excesso e a baixa radiação solar neste início de 2015 trazem preocupações em algumas regiões e podem interferir na produtividade das lavouras. A expectativa, no entanto, é de que a perda, se confirmada, seja pouco expressiva, de no máximo 400 mil toneladas.
– Não acho que a safra (gaúcha) baixe de 8 milhões de toneladas – disse.
Apesar da expectativa de oferta confortável e de preços remuneradores – hoje em torno de R$ 38/saca, conforme indicador Cepea/Esalq, os produtores gaúchos pretendem reivindicar medidas de apoio do governo federal no início da colheita, em fevereiro.
– É verdade que estamos vivendo um momento de preços extremamente valorizados, mas não temos condições de comemorar porque a renda não subiu. Parece que vem diminuindo cada vez mais – afirmou Dornelles. De acordo com o dirigente, um retrato dessa situação seria o fato de que mesmo com preços remuneradores a área plantada com o cereal no Estado não cresceu.
Segundo ele, a elevação sistemática dos custos de produção está “esmagando” principalmente os pequenos produtores. Dornelles disse que a entidade pretende sugerir à ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), que seja realizada uma análise mais criteriosa da situação do setor para intervir, seja na redução de tributos ou na melhoria de infraestrutura e logística.
Outro pedido da entidade diz respeito ao preço mínimo do arroz estipulado pelo governo federal para o Estado do Rio Grande do Sul de R$ 25,80/saca, considerado defasado pelo setor.
– Não estamos dependendo do preço mínimo este ano porque o mercado está bom, mas isso não justifica ter um parâmetro tão fora da realidade – afirmou.
A Federarroz pretende apresentar, nas próximas semanas, um estudo encomendado a empresas privadas mostrando que o custo de produção do arrozeiro gaúcho é maior do que o calculado pela Conab. O objetivo é usar os números para batalhar pelo aumento do preço mínimo.
Exportações
Outra bandeira da Federarroz é o incremento das exportações, principalmente para a América Central, e para isso o governo federal seria demandado a “tomar outro rumo nas negociações internacionais”, para que o Brasil não perca espaço para outros países produtores.
Conforme a Federarroz, a retomada das relações comerciais entre Estados Unidos e Cuba representa uma ameaça ao setor, uma vez que a tonelada do produto norte-americano custa US$ 50 menos que a do brasileiro, e o frete dos EUA para a ilha é menor.
– O agronegócio brasileiro tem sido castigado pela atuação comercial no Brasil no contexto comercial. Não temos acordos comerciais fora do Mercosul – disse.
Dornelles também chamou a atenção para as oportunidades no Oriente Médio, em especial no Iraque.
– Entre uma venda para Cuba e para o Iraque podemos ter uma diferença de preço de 40%, pela qualidade (de produto) que o Oriente Médio requer. Consolidamos os embarques para lá no ano passado, mas há potencial para vender mais – afirmou.