A produção de arroz no Rio Grande do Sul deve ter queda de 10% de área plantada no próximo ciclo, 100 mil hectares a menos, segundo a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz). O custo de produção, que teve alta de 17%, é um dos motivos para o desestímulo do plantio.
“Além do desestímulo para plantar, o produtor tem dificuldade em conseguir crédito, somando a possibilidade de sair da safra descapitalizado. A única opção é reduzir área de plantio da próxima safra”, diz o vice-presidente de Mercado e Política Agrícola da Federarroz, Daire Coutinho.
Outro problema é o preço pago ao produtor pela saca do arroz neste momento. No início da colheita, a cotação estava em torno de R$ 39 no estado, valor que não vai ajudar o produtor Ermenegildo Moczulski a pagar o financiamento de R$ 1.300 milhão que ele fez com a indústria.
Nas últimas safras cresceu o número de arrozeiros sem dinheiro em caixa e com dívidas, por isso cada vez mais eles recorrem à indústria para fazer a lavoura. O problema é que na hora de entregar o arroz como forma de pagamento, o produtor, sai em desvantagem.
Até agora o produtor não consegue ter lucro, recebe R$ 40 pela saca, mas gasta R$ 44 para produzir. Coutinho sugere mais flexibilidade por parte das indústrias.
A orientação neste momento é para que os produtores vendam a saca por no mínimo R$ 41. Quem puder esperar, pode pegar melhores preços na entressafra. Segundo o analista da Safras e Mercado Élcio Bento, a partir de julho a tendência é de alta.
“O produtor que conseguir alongar a venda vai encontrar um cenário muito melhor de comercialização, pois nós estamos num ano de escassez de oferta interna. A produção no Brasil esse ano é de 11 milhões de toneladas, ou seja, muito baixa. Nós devemos ter preços chegando de R$ 40 a R$ 45, lembrando também sempre que com um ano que o nosso custo de produção está mais elevado, a tendência é que mesmo assim, a margem do produtor continue até mesmo inferior a do ano passado”, conclui Bento.