O clima anima produtores de arroz do Vale do Paraíba, região que abrange parte dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Após um ano de seca, a chuva vem favorecendo o plantio, apesar disso, o preço do produto não acompanhou a alta dos custos de produção.
A água não é mais o problema para o produtor de arroz de roseira, Homero Santos Júnior, que está em dia com o plantio. Ele é obrigado a inundar a área porque usa um tipo de semente que precisa de muita umidade. Em 2014, a estiagem interrompeu o plantio durante 40 dias.
– Comparando setembro desse ano com o mesmo mês do ano passado, as condições estão mais tranquilas. As precipitações estão melhores e não tem déficit de água. Esperamos que a situação continue assim, pois se tem previsões de chuva, a gente espera não passar por tanta dificuldade – salienta.
O engenheiro agrônomo da cooperativa de produtores da região, Rodrigo Amadei, estima que mais da metade da área com arroz já foi plantada no Vale do Paraíba.
– A precipitação ajudou e está sendo melhor. Ainda não resolveu o problema da água, pois os mananciais seguem bem abaixo, mas já ajudou. Os produtores ficaram mais animados, já estão avançando mais o plantio – conta.
Apesar da melhora do clima, os produtores enfrentam um problema comum: a alta dos custos de produção. Em média, cada hectare custa R$ 4.500. O financiamento do governo cobre menos da metade, e o resto vem de recursos próprios. Por isso, nesta safra, os produtores têm um desafio nas mãos: produzir o máximo usando o mínimo de insumos. Quem tirar menos de 120 sacas por hectare na região corre o risco de não cobrir os custos.
– A gente busca driblar essa dificuldade com eficiência e ganhos de produtividade. Com análise de solo, balanço nutricional, recuperação de máquinas, mão de obra treinada – afirma o produtor.
A saca de 60 quilos do arroz sem casca é vendida por até R$ 50 na região. A margem de lucro é considerada razoável para o momento, mas está longe de cobrir os prejuízos de safras anteriores.
– O produtor vai segurar um pouco na adubação, nas pulverizações. Ele tem que melhorar a eficiência do maquinário e dos funcionários para tentar segurar esse aumento de custo que teve em cima do adubo da heroicidade, do óleo diesel e da energia. Infelizmente, não tem muita coisa a se fazer. Alguma coisa será necessária sacrificar para melhor a eficiência e a produtividade, senão ele não consegue se manter na atividade – destaca o engenheiro agrônomo.
A solução encontrada pelo produtor foi agregar valor ao produto. Ele passou a empacotar o arroz beneficiado e vender para os mercados da região. As 10 mil sacas colhidas por safra não dão conta da demanda.
– A gente consegue agregar 10% a mais para conseguir melhorar a eficiência. Foi uma forma de melhorar a situação na fazenda – conclui.