A pesquisa estudou, a partir de dois possíveis cenários – um prevendo o aumento de temperatura pessimista, variando entre 2ºC a 5,4ºC, e outro um pouco mais otimista, prevendo aumento de temperatura entre 1,4ºC e 3,8ºC – os impactos deste aumento em várias culturas agrícolas, como o algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca, milho e soja. Os cenários foram montados para os anos de 2010, 2020, 2050 e 2070 tomando-se como base o Zoneamento de Riscos Climáticos de 2007 e o mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Para Assad, o aumento de temperatura irá fatalmente ocorrer. Não se sabe, apenas, em que nível. Isso provocará uma alteração profunda na geografia da produção agrícola no Brasil, acarretando na migração de plantas para regiões que hoje não são de sua ocorrência em busca de condições climáticas melhores. No caso do café, que, historicamente, sempre encontrou condições ótimas de desenvolvimento na região Sudeste do país, ele terá que se adaptar às novas características climáticas dessas regiões ou deverá migrar para latitudes maiores, podendo inclusive, ser produzido na região mais ao sul do Brasil.
Essa análise, segundo o pesquisador, refere-se apenas ao café arábica. Com o café conilon este problema não acontece, já que esta espécie é mais robusta, ou seja, mais resistente, e adaptada para produção em regiões de clima mais quente.
Para Eduardo Assad, as soluções para a adaptação da planta ao clima mais quente já estão sendo buscadas pela pesquisa. Os estudos em melhoramento genético do café, onde é feito o cruzamento entre as espécies arábica e conilon, poderão criar cultivares mais robustas e capazes de suportar temperaturas mais altas. Essas alternativas e a adaptação do nosso sistema de produção para os cenários que se mostram no futuro é que vão possibilitar a permanência do café em regiões onde ele está adaptado atualmente.
?Isso mostra que nós temos domínio tecnológico capaz de superar esse aquecimento ? finaliza Assad.