No plenário o clima foi de descontentamento. A maior parte da safra foi comercializada a preços baixos, e as medidas não beneficiam nem 15% dos agricultores. Com dificuldades para estocar o grão, as aquisições Diretas do Governo Federal (AGF), tiveram poucos contratos, cerca de 25% do previsto.
? Lamentavelmente a ausência de armazéns credenciados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mais uma vez vai trazer empecilhos. Nós gostaríamos que os mecanismos funcionassem a pleno ? desabafa o presidente da Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong.
Em março de 2010, a saca de 50 quilos de arroz era vendida a R$29,20. Atualmente está sendo comercializada a R$ 19,36, bem abaixo do preço mínimo.
A queda, de acordo com o setor, foi resultado da falta de apoio do governo na última safra, alta das importações no Mercosul, diminuição das exportações e revisão da classificação do grão.
O governo federal rebateu as críticas. A Conab promete ampliar a capacidade de armazenagem do país, credenciando novos silos. Já o Ministério da Agricultura acredita que os leilões, as compras e o escoamento do produto vão reduzir a oferta no mercado interno e provocar uma reação nos preços.
? As medidas são bastante intensas, elas vão abranger 26% da safra brasileira e vão beneficiar direta ou indiretamente, possibilitando que o produtor alcance o preço mínimo no período de comercialização da safra ? explica o secretário de Política Agrícola do Min. Agricultura, José Carlos Vaz.
A equipe econômica descarta a possibilidade de ressarcir os produtores que venderam arroz com valor menor que o custo de produção.
? Esta medida ainda não está amadurecida. A princípio, não vai ser implementada porque estamos com o entendimento de que as outras ações, que foram anunciadas, vão permitir a reação dos preços, escoar a safra, regular o mercado e não causar seqüelas nas futuras safras dos produtores ? afirma.
Nesta quarta, dia 29, acontece a primeira reunião do grupo de trabalho criado para formular estratégias para as próximas safras de arroz. Técnicos dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda, representantes do setor produtivo e do Rio Grande do Sul devem discutir também alternativas de destinação do grão, como para produção de etanol e ração animal.