Em 2008 o Ibama realizou 127 grandes operações. Mais de 1,3 mil fiscais ambientais foram mobilizados, além da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança. A maior parte das infrações foi corte ilegal de madeira e descumprimento dos limites de reserva legal. As multas aplicadas de janeiro a outubro deste ano somam R$ 3,43 bilhões. Desse montante, R$ 1,1 bilhão é referente ao desmatamento ilegal. Até agora, apenas 1% desse valor foi pago.
De acordo com organizações não-governamentais ligadas à proteção ambiental, os recursos judiciais estão entre os motivos da inadimplência porque encontram brechas na legislação e acabam atrasando ou impedindo o pagamento e a aplicação de punições.
O coordenador geral de Fiscalização do Ibama, Luciano Evaristo, diz que as cifras devidas por crimes ambientais tendem a aumentar, pois as multas aplicadas em novembro e dezembro ainda não foram contabilizadas. Ele garante também que a fiscalização vai ganhar força em 2009 com o uso de recursos tecnológicos avançados e a capacitação de pessoal.
? Os mecanismos estão se fortalecendo. Hoje já temos, além das imagens lançadas por satélites, imagens de radar geradas por uma tecnologia japonesa. Aqueles que estiverem usando seu plano de manejo apenas como fachada para gerar créditos fictícios vão ficar reocupados ? afirma Evaristo.
Para a ambientalista Ana Cristina Barros, que representa a ONG internacional TNC (The Nature Conservancy) no Brasil, só punir não resolve. Ela sugere que governo diversifique as ações para o controle do uso da terra, como a criação de linhas de crédito rural que desestimulem a prática de crimes ambientais.
? Muitos produtores rurais vão responder a um pacote do bem, que chame o produtor a atuar na legalidade, com menos infrações. Muitos Estados já estão pensando nisso na região da Amazônia, como o Pará, e também Mato Grosso.
Os campeões brasileiros de desmatamento são Mato Grosso, Pará e Rondônia, seguidos pelo Maranhão. O último levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que a devastação anual na Amazônia aumentou em 3,8%, número considerado baixo pelo governo federal, se comparado a anos anteriores. O estudo, que se refere ao período de agosto de 2007 a julho de 2008, representa 11,97 mil quilômetros quadrados. A meta do Ibama para 2009 é manter o volume de área degradada em 10 mil quilômetros quadrados.