Até 2020, o Brasil quer reduzir em 38% a liberação dos gases do efeito estufa na atmosfera. Para isso, traçou planos em áreas como agricultura e energia, que serão apresentados na Convenção. Segundo o governo, as expectativas com relação ao encontro são tímidas. Apenas negociações específicas sobre financiamentos e transferência de tecnologia podem ganhar acordos.
Entre as ações estratégicas que serão levadas a Cancun, está o Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. A iniciativa capacita e incentiva produtores que adotam práticas para a redução das emissões, entre elas o plantio direto na palha. A técnica evita a aragem do solo.
? Mudar da aragem para o plantio direto, que é mais complexo, precisa não apenas de consciência ambiental, mas de capacitação técnica no campo ? afirmou o chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista do Ministério da Agricultura, Maurício Carvalho.
É o caso de uma propriedade no interior de Goiás, onde o plantio direto foi implantado há nove anos com a ajuda da Embrapa.
Aqui nessa área a safra de sorgo foi colhida há seis meses. A palha fica no solo, que recebeu tratamento apenas contra ervas daninhas. A máquina, agora, planta a soja que deve ser colhida em março do ano que vem.
O proprietário conta que os ganhos em produtividade, que chegam a 15%, pesaram na decisão.
? Com a tecnologia nova, a gente fica meio amarrado para utilizar, tem que ver e comprovar que funciona, para ver que vai adaptar. A gente começou com uma pequena área de plantio direto e foi ampliando até 100% da área ? disse o agricultor Henrique Cenci.
São 2,8 mil hectares que mostram que é possível produzir mais poluindo menos.
? A gente tem que preservar isso, o que puder tem que fazer. É o nosso compromisso ? ressaltou Cenci.