Apesar da expectativa de perdas do setor continuar em torno de 6%, a água foi um alento aos produtores na fase de formação dos cachos dos grãos, em que a umidade é fundamental. Se o tempo continuar chuvoso nas próximas semanas, pelo menos os R$ 877,912 milhões previstos de quebra não devem aumentar, espera a Emater.
Das regiões mas atingidas pela seca — Campanha, Noroeste, Sul e Centro —, só não choveu no Noroeste. Mas a chuva caiu de maneira irregular em uma mesma região. Em Restinga Seca, no Centro, choveu 10 milímetros em alguns pontos e 90 mm em outros, segundo a Secretaria de Agricultura da cidade.
O Rio Vacacaí — castigado pela estiagem, com pontos onde a água forma apenas um pequeno córrego — seguiu na mesma situação de estiagem em uma parte e começou a se recuperar em outra.
Safra do milho também foi beneficiada com chuva
Na Campanha, quando o céu ficou cinzento e as nuvens de chuva se aproximaram da propriedade de João Batista Serafin, 50 anos, no final de semana, em Bagé, a esperança de recuperar uma área dada praticamente como perdida da lavoura de arroz renasceu. Choveu de 70 a 113 mm na cidade, em pontos não uniformes.
O racionamento no município continua. Mas, na lavoura de Serafin, a colheita deve ocorrer nos 140 hectares em que o arroz foi plantado.
– Agora estou um pouco mais tranquilo. Minha lavoura estava seca, com terra rachada, estava prestes a perder uns 50 hectares. É um pequena vitória, espero que o arroz reaja, mas pelo menos não terei prejuízo — disse o produtor, que iria demitir dois funcionários e desistiu depois da chuva.
Segundo dados da Emater, as culturas mais beneficiadas com a chuva dos últimos dias são o arroz (que, ainda assim, tem estimativa de quebra de 6, 62% em relação a uma previsão inicial de colheita de 8,06 milhões de toneladas) e o milho safrinha, plantado em janeiro, que corresponde a 10% dos 1,10 milhão de hectares plantados.
— O arroz está mais tranquilo com as chuvas, e o milho safrinha, principalmente na região do Vale do Taquari, deu uma reagida com as chuvas do final de semana. Ainda assim, os números de quebra seguem os mesmos. Se mudar, muda pouco, mas pelo menos não aumenta o prejuízo — comenta o gerente técnico da Emater, Dulphe Pinheiro Machado.