? Estamos repetindo a grande crise da década de 90, gerada pela importação de leite subsidiado da União Europeia, supostamente triangulado para o Brasil via Argentina ?disse nesta quarta, dia 18, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu.
Na época, o Brasil chegou a ser o segundo maior importador do mundo. Para fazer frente às práticas desleais de comércio, o país adotou instrumentos como a alíquota antidumping, aplicada a partir de 2001 nas importações de leite europeu e e da Nova Zelândia, por ação na qual a CNA foi peticionária.
Também foram adotados acordos de preços mínimos com a Argentina e o Uruguai, que venceram em 2008. Foi a partir da aplicação dos direitos antidumping que a produção brasileira de lácteos conseguiu alcançar uma taxa de crescimento de 5% ao ano. Em 1995, o Brasil importou 3,2 bilhões de litros de leite e produziu 16,5 bilhões de litros, enquanto em 2008 a produção chegou a 28 bilhões de litros e as importações caíram para 474 milhões de litros.
Para ser competitivo frente aos preços do leite importado via Argentina, o Brasil precisaria produzir a um custo de US$ 2 mil a tonelada, preço que o produto chega ao país. Transformados em reais, esses valores representariam um preço de R$ 0,41 por litro de leite pago ao produtor pela indústria de laticínios. No Brasil, o preço médio pago ao produtor de leite atualmente é de R$ 0,59, o que representaria um custo industrial de US$ 2.370 pela produção de uma tonelada de leite em pó.
Para a presidente da CNA, uma das saídas seria “desonerar do PIS e Cofins as rações e o sal mineral, insumos básicos da pecuária de leite, o que reduziria em R$ 0,04 o custo de produção”.
Em janeiro do ano passado, o saldo comercial foi de US$ 25,5 milhões, enquanto em janeiro de 2009 a balança tornou-se deficitária, com um saldo negativo de US$ 8,32 milhões. Do total destas importações, 81,20% em valores e 82,47% em volume vieram da Argentina.