Chiarelli, antigo desafeto de Rossi, citou as várias irregularidades apontadas no relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a gestão da empresa ligada ao Ministério da Agricultura.
? Se não for exonerado, voltarei aqui a essa Câmara, a essa tribuna sagrada, para pedir a exoneração do senhor Wagner Rossi, completamente incompetente ? disse Chiarelli.
Para ratificar o pedido de exoneração, Chiarelli citou, no pronunciamento de quatro minutos, o projeto de combate à corrupção proposto por Lula, pelo qual as empresas que fraudarem licitação poderão ser fechadas.
? O presidente Lula poderia começar exonerando o presidente da Conab, que contratou empresa irregular de armazenamento e todas elas inscritas no cadastro de inadimplentes da União. Portanto, senhoras e senhores, corrupto é pouco para o senhor Wagner Rossi, diretor da Conab ? afirmou o parlamentar.
Chiarelli disse que, em outubro de 2009 pediu uma devassa na Conab junto ao Ministério da Agricultura, ao TCU e à Procuradoria da República. Citou ainda que o TCU ratificou, recentemente, as irregularidades na estatal.
À época do pedido da devassa na Conab, Rossi disse, em entrevista à Agência Estado, que a única atividade conhecida de Chiarelli era atacar a honra alheia, que o problema entre eles era pessoal e ainda que o problema do deputado “essencialmente é inveja”, disse Rossi, que já foi deputado federal.
? O Tribunal de Contas diz que falta gestão e as diferenças dos volumes contabilizados na matriz da estatal e suas superintendências regionais são diferenças graves. Portanto, esse senhor Wagner Rossi, que me chamou como caluniador profissional, deverá fazer a mesma afirmação no Tribunal de Contas ? afirmou Chiarelli, que disse ter documentos fornecidos pela polícia do Estado de São Paulo em que a Conab está sendo usada de forma criminosa em todo o Estado.
? Mas eu vou lê-los e vou utilizá-los somente caso o senhor presidente da República não exonere imediatamente esse indivíduo da Conab ? completou.
Rossi foi procurado pela Agência Estado por meio de sua assessoria de imprensa, a qual informou que o presidente da Conab estaria viajando e que deveria se pronunciar à tarde. Durante a semana, Rossi admitiu as irregularidades na Conab, mas afirmou que eram anteriores a sua gestão e que trabalhava para corrigi-las.
Chiarelli, que assumiu o cargo no ano passado após a morte de João Hermann Neto, tem um passado polêmico em Ribeirão Preto (SP), sua base eleitoral e onde também reside o presidente da Conab. Além de Rossi, Chiarelli fez várias denúncias, entre outras, contra o também deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) e o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB), filho de Wagner Rossi.
Chiarelli chegou a ser vereador na cidade paulista, mas foi cassado, em agosto de 1995, por falta de decoro por ter chamado um colega de Câmara, o ex-vereador Antonio Lorenzato, portador de necessidades especiais, de “aleijadinho”.