A escassez de crédito ocasionada pela crise internacional é generalizada. No caso da pecuária, o principal reflexo se deu nas vendas externas, já que o Brasil é o principal exportador mundial de carne bovina. O volume de negócios caiu em pelo menos 15% em relação ao ano passado.
Com o mercado externo sem crédito para importar e a indústria brasileira sofrendo do mesmo problema para enviar o produto, os frigoríficos paralisaram as atividades e deram férias coletivas aos funcionários. E essas mudanças já estão se refletindo nos preços.
? Essa redução de atividade tira um pouco de quem está comprando boi no mercado. Tinha mais gente comprando, por isso se precisava de mais boi no mercado. Agora a demanda é um pouco menor, então os preços caíram ? explica o consultor Maurício Nogueira, da Scot Consultoria.
Desde a última semana, a arroba do boi gordo em São Paulo passou de R$ 93 para R$ 89. Para Nogueira, nesse cenário de negociações travadas e baixa oferta de animais a saída é investir no mercado interno.
? Os frigoríficos têm que voltar a atenção para o mercado interno, que consome 75% da carne brasileira. Nesse momento de crise, como o Brasil ainda não está sendo tão afetado como outros países foram, é muito interessante voltar toda a sua atenção para o consumo interno.
O analista em pecuária Cesar de Castro Alves, da MB Agro, lembra que a crise é pontual e que a partir de 2009 a situação deve mudar, com o Brasil reforçando sua posição de líder no mercado mundial de carne. Ele também ressalta que o número de fazendas habilitadas a exportar para a União Européia está aumentando e não há previsão de queda no consumo.
? As curvas de consumo mundial mostram que nos momentos de crise as carnes suína e de frango sofreram menos que a bovina, praticamente não houve desaceleração. A carne bovina desacelera um pouco, mas é muito suave. Então, se o futuro puder ser explicado pelo passado, provavelmente nós vamos continuar crescendo o consumo.