No campo, para driblar a falta das danceterias e bailes, os jovens de Brasília frequentam o Centro de Tradições Gaúchas instalado na área rural. Normalmente participam de competições culturais, a última foi no Rio Grande do Sul. A turma ainda joga futebol e faz rodas de violão.
? É assim mesmo, aqui não tem muita opção. Não tem boate, não tem nada muito grande ? conta o jornalista Rafael Walendorff.
Para Rafael, o contato com a tradição dos pais fortaleceu a relação com a família e uma a certeza de querer continuar morando no campo. Poesia, versos e cultura gaúcha são o seu orgulho.
? É a simplicidade, o prazer de estar com as pessoas que tu sente a confiança, uma fidelidade que tem com ela, de conhecer desde criança. E isso que gera essa vontade de estar sempre no meio rural ? comenta.
O grupo de estudantes, com idades entre 15 e 17 anos, tem muitas sugestões para acabar com o tempo ocioso. Uma delas é a construção de uma pista de skate.
? A gente anda no posto, que é tudo cimentado, que é liso. Mas não tem opção de fazer manobra ? comenta o estudante Miguel Barcelos.
A falta de diversão pesa no momento em que o jovem decide abandonar o campo.
? Os jovens acham que as pessoas da cidade, do meio urbano, estigmatizam quem está no meio rural. Eles acham isso um problema e eles deixam de valorizar a própria cultura ? explica Maria Bezerra, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
? Talvez o processo mais difícil seja de levar serviços públicos e entretenimento para o interior, fazendo com que as pessoas se sintam bem querendo ficar naquele ambiente. Para que elas não se sintam ali como escravas, presas, apartadas da sociedade ? comenta o sociólogo da Universidade de Brasília, Antônio Testa.
Garantir a permanência de crianças e adolescentes no campo exige uma complexa política de incentivo. Bem mais simples é a certeza que todos já possuem: eles amam o local onde vivem.
? Gosto do dia-a-dia no campo, gosto de estar trabalhando, gosto da calmaria ? declara o estudante Henrique Cenci.