A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, determinou na terça, dia 14, que seja formado um grupo específico representativo dos produtores de arroz para tratar do pagamento de dívidas e da prorrogação de financiamentos.
Além disso, informou que a pasta está aberta ao diálogo sobre o preço mínimo do cereal e prometeu “se empenhar” para avaliar os custos de produção.
– Podemos ajustar [o preço mínimo], mas tudo depende de argumentação técnica. Vamos encontrar solução para o pleito – disse a ministra, em nota distribuída pelo Ministério da Agricultura.
A decisão sobre o grupo ocorreu em reunião de Kátia Abreu com representantes da cadeia produtiva do arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, dirigentes de entidades, parlamentares e técnicos do governo para analisar a situação do setor.
A ministra comprometeu-se também a se reunir com a diretoria do Banco do Brasil ainda esta semana para buscar uma solução das dívidas do setor.
Outro item a entrar em pauta foi o alto custo da energia elétrica na agricultura, principalmente em relação a culturas irrigadas, caso do arroz cultivado no Sul do País, ao armazenamento e à secagem dos grãos. A ministra disse que está negociando com o Planalto uma revisão da tributação da energia elétrica no setor.
Repercussão
Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, a iniciativa do Ministério da Agricultura de criar o grupo de trabalho pode levar o preço mínimo do arroz a uma faixa de R$ 31,50 a R$ 32, diante dos sinais dados pela ministra Kátia Abreu e por estar em linha com estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
– A ministra sempre se mostrou extremamente aberta e compreensiva com o setor, a medida que tivemos sempre uma postura muito técnica e coerente com o objetivo de chegar a um número real. Bem na verdade, estamos utilizando o preço mínimo com o objetivo de elucidar o custo de produção do arroz que realmente sofreu um grave aumento – disse ele ontem, em entrevista ao “Rural Notícias”.
A questão dos custos foi bastante criticada por Dornelles, que alertou para uma série de questões que podem comprometer a próxima safra de arroz do Rio Grande do Sul.
– Eu acho que naturalmente, a safra do Rio Grande do Sul deve reduzir 5% em função dessa restrição de crédito, do desestímulo que o produtor está enxergando nesse contexto, e obviamente, temos o El Niño que nos derruba a produtividade. Além disso, temos os produtores que estiverem plantando vão investir menos nas suas lavouras e a nossa produtividade média vai reduzir – afirmou.