Indústria de fertilizantes sente reflexos da falta de crédito

Produtores compram menos insumo e vendas caíram 25% em setembro deste anoA indústria de fertilizantes já sente os reflexos da falta de crédito. Em setembro, as vendas caíram 25%. Em plena época de plantio, uma redução do uso de tecnologia pode significar redução de produtividade. O assunto foi tema de discussões nesta segunda, dia 20, na câmara temática de insumos do Ministério da Agricultura, em Brasília (DF).

Produtores estão comprando menos insumo. A escassez de crédito já se refletiu nas vendas de fertilizantes. Em setembro de 2007, produtores compraram 2,8 milhões de toneladas. Este ano, as vendas fecharam em 2,160 milhões.

? A atual safra é um vôo cego. Ninguém sabe o que vai colher, ou ao certo o que vai plantar. O que se sabe é que vamos ter menos insumos, menos tecnologia, e podemos ter redução de área. O resultado pode ser redução de produção por área, ou redução de produtividade por falta de tecnologia ? afirmou o presidente da câmara de insumos, Cristiano Walter Simon.

Durante a reunião, representantes da indústria lembraram que a situação só não é mais grave porque muitos agricultores, com medo da alta de preços, anteciparam a compra de fertilizantes no primeiro semestre. Esse movimento gerou até um aumento das vendas no ano. Em 2007, de janeiro a setembro, o campo consumiu 17,5 milhões de toneladas. Este ano, passou de 18 milhões, crescimento de 3,8%. Mas o setor confirma que apenas 80% dos insumos foram adquiridos e que a falta de crédito pode comprometer a aquisição do restante.

? Embora haja mais recursos, porque o governo antecipou mais de R$ 5 bilhões, é preciso que esse recurso chegue aos agricultores, que são movidos a crédito ? ponderou o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Eduardo Daher.

Conforme o Ministério da Agricultura, por enquanto os números indicam um aumento das operações de crédito rural. De julho a setembro, o sistema financeiro já liberou R$ 15,5 milhões em financiamentos agrícolas, R$ 1 milhão a mais que no mesmo período do ano passado.

? Do ponto de vista bancário, neste momento a situação é melhor que no ano passado. Esperamos conseguir fazer tudo o que for necessário para garantir os recursos aos tomadores de crédito, que são os agricultores e as cooperativas ? afirmou o diretor de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo.