A possibilidade de economizar R$ 500 por hectare em gastos com a lavoura chama a atenção de qualquer produtor rural. Segundo pesquisadores, isso é possível. E a resposta está no esgoto. Ou melhor, no resíduo gerado pelo tratamento do lodo.
Sendo usado como adubo no campo, o lodo não vai parar em aterros sanitários onde acaba contaminando o lençol freático. Assim, os benefícios vão para o agricultor e para o meio ambiente.
Apesar do tratamento de esgoto já ocorrer no Brasil há pelo menos 40 anos, o lodo só começou a ser usado na agricultura nos últimos 10. Mesmo com benefícios comprovados, ainda são poucos os locais onde a prática é adotada. O lodo é aplicado em lavouras de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná. Segundo pesquisadores, o Brasil ainda precisa evoluir muito nessa questão.
Em São Paulo, o método é usado em lavouras de café, laranja, cana-de-açúcar e eucalipto, nas regiões de Franca e Jundiaí. Porém, ainda é pouco. Segundo o engenheiro agrônomo Fernando Carvalho Oliveira, proprietário de uma empresa especializada no processo, menos de 10% do lodo produzido no Estado é destinado à agricultura.
? Falta uma regulamentação específica no Estado de São Paulo ? explica Oliveira.
Já o Paraná pode ser considerado referência no assunto. Mais de 80% do resíduo lá gerado é usado nas lavouras. O lodo é distribuído de graça principalmente a pequenos produtores. A experiência é nova para o agricultor Cláudio Aparecido Alves, do Distrito de Maravilha, em Londrina, que aplicou o lodo há menos de 10 dias na lavoura de trigo e deixou de gastar mais de R$ 2 mil em adubo químico. Ele está confiante nos resultados.
? Eu acredito em uma produtividade boa, porque o esterco orgânico é benéfico, é muito bom, e também ajuda o meio ambiente ? disse Alves.
Usar o lodo na agricultura é importante, mas há regras. Desde 2006 uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece critérios para esta utilização. O resíduo só pode ser aplicado em áreas mecanizadas. Não é permitido usá-lo em pastagens ou em culturais em que a parte comestível da planta fica em contato direto com o solo. A resolução também determina a qualidade e quantidade do material que pode ser aplicado no campo.