As oscilações de preço são comuns no mercado internacional de açúcar. Mas, nos últimos meses, o sobe e desce brusco dos valores tem preocupado o setor. O produto vinha em alta em 2009 e chegou a registrar o maior patamar de preço dos últimos 29 anos no início de fevereiro: US$ 0,30 por libra peso. Só que, de lá para cá, o preço caiu mais de 96% e, agora, está na média dos US$ 0,15 por libra peso.
Para o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues, a queda está ligada à expectativa de uma grande oferta do produto no mundo. O Brasil e a Índia devem produzir cada um pelo menos cinco milhões de toneladas a mais na próxima safra. Mas Rodrigues acredita que, mesmo com a redução no preço, o Brasil deve faturar mais com as vendas de açúcar este ano na comparação com 2009.
A forte baixa no preço impacta no planejamento das usinas. O presidente da quarta maior produtora de açúcar do Brasil, a Guarani, diz que a empresa está acostumada com as oscilações do mercado, mas não descarta a possibilidade de mexer no mix de produção em algumas unidades.
E qual deve ser o comportamento do preço do açúcar daqui pra frente? Alguns analistas preveem que o ano vai ser de muitas oscilações de preços para o produto e há também quem diga que os valores, que estão próximos dos US$ 0, 15 por libra peso, podem baixar ainda mais.
Para o diretor da Job Economia, Julio Maria Borges, como não tem muita oferta de produto até setembro, os preços ainda se mantém. Mas ele admite que esse cenário deve mudar a partir de outubro.
A queda do preço do açúcar levou o Brasil a entrar com uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC) na última semana. O Itamaraty alegou que as exportações de açúcar da União Europeia além da cota permitida teriam prejudicado o mercado. Mas os especialistas do setor disseram que o volume embarcado a mais é muito pequeno para interferir nos preços internacionais.