Mesmo abaixo da média no Rio Grande do Sul, chuva beneficia soja plantada até novembro

Apesar da melhora no produto, perdas na próxima colheita podem chegar a 50%A chuva significativa dos últimos dias no Rio Grande do Sul deu ânimo novo aos agricultores que plantaram soja até o fim de novembro. Às vésperas da fase de florescimento na maioria das lavouras, a projeção de técnicos e produtores é de que a planta cresça entre 15 e 20 centímetros em, no máximo, uma semana.

O salto na estatura significa esperança renovada para quem já projetava perdas de até 100%. Nos 1.080 hectares do agricultor Ricardo Brum, de Cruz Alta, a chuva foi vasta e desigual. Em parte da área, a precipitação foi próxima dos 70 mm. Em outros locais, ultrapassou os 150 mm, em um período de apenas quatro dias.

— Até quinta, eu já imaginava perder tudo o que havia plantado. Mas essa chuva dos últimos dias deu um ânimo novo — conta Brum, com as canelas encharcadas pela água que atingia suas lavouras na última terça.

Mas o produtor ainda faz ressalvas quando o assunto é a próxima colheita. Estima perdas em torno dos 50%.

— Foi um período muito grande de estiagem no crescimento da planta. Imagino colher 25 sacas por hectare. No ano passado, foi o dobro.

Produtores de arroz também comemoram

Engenheiro agrônomo e consultor, Jorge Vargas afirma que a soja mais beneficiada é a que foi cultivada até o final de novembro e também considera que haverá redução da produtividade neste ano.

— Temos situações muito diferentes, principalmente porque a chuva é desigual. Mas a produtividade baixa já é uma realidade. Na região Noroeste do Rio Grande do Sul, em áreas que tiveram bom desenvolvimento, dificilmente teremos alguém que alcance uma média de 40 sacas por hectare. Na maioria dos casos, a média irá girar em torno de 20 sacas, mesmo com a chuva de agora e o crescimento das lavouras — afirma.

Em Santa Maria, na região Central do Estado, o produtor rural Mazoni Farinha, 60 anos, investiu todas as suas reservas para comprar adubo e sementes de arroz e usar nos quatro hectares de sua propriedade, no distrito de Arroio Grande. Mas a estiagem queimou 50% da plantação e dificultou o desenvolvimento da outra metade. Por isso, quando começou a chuva na tarde de terça, ele só pedia que ela não parasse.

Os nove distritos de Santa Maria foram beneficiados com a precipitação de ontem. Em Santo Antão, onde o volume de chuva foi de 40 mm, plantações de mandioca, amendoim e batata-doce estão se recuperando totalmente.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Rodrigo Menna Barreto, as últimas chuvas foram especialmente boas para revitalizar as pastagens e para as lavouras de soja, milho, hortaliças. Mas ainda é pouca para juntar água em açudes usados no abastecimento dos animais. Por isso, a prefeitura está criando bebedouros nos distritos.