? Nossa esperança é tentar barrar o projeto no campo jurídico ? disse a diretora do Movimento Xingu Vivo, Antônia Miranda.
As ONGs pretendem entrar na Justiça com ações individuais, questionando principalmente um parecer técnico do Ibama, de novembro de 2009, em que os técnicos relatam que “algumas questões não puderam ser analisadas na profundidade apropriada”. A equipe diz que o laudo “não pode ser concluído a contento” por causa do prazo estipulado pela Presidência da República. O documento apontava também falhas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Belo Monte será construída em três locais diferentes e vai atingir cinco municípios: Brasil Novo, Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Anapu. No total, a barragem vai alagar 516 quilômetros quadrados, bem abaixo dos 1,2 mil quilômetros quadrados previstos no projeto original da década de 80. Para atenuar os impactos ambientais, o Ibama determinou que os investidores atendam a 40 condicionantes, no valor de R$ 1,5 bilhão.
? Essas medidas não deixam claro o impacto da explosão populacional. Não temos essa infraestrutura e nem vamos ter ? diz Antônia.
Os movimentos estimam um aumento populacional de 100 mil pessoas na região. Além das ONGs, o Ministério Público Federal também deve tentar embargar a obra. Desde 2001, os procuradores já impetraram oito ações contra Belo Monte. A última delas, do ano passado, chegou a render uma liminar que durou exatos 20 minutos até ser cassada. Além de ser a ação mais recente, é também a única que teria o poder de anular a licença prévia concedida no início do mês.
? Questionamos, por exemplo, a realização das audiências públicas, que obrigavam os ribeirinhos a se deslocarem mais de 200 km até o local. Um erro como esse pode anular a licença ? disse o procurador Ubiratan Cazetta.
As diversas tentativas do MPF de barrar a obra da usina culminaram com uma ameaça da Advocacia Geral da União (AGU) de processar por improbidade administrativa os procuradores responsáveis por essas ações. Cazetta garante que isso não vai impedir o ministério de tentar derrubar a licença. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.