Nesta unidade de recebimento, em Cornélio Procópio, norte do Paraná, o produtor José Milano Filho, da cidade vizinha de Andirá, trouxe a caminhonete carregada de embalagens. Ele diz que antes da lei o costume era queimar os recipientes. Hoje tem um local adequado, onde deposita os produtos.
? Eu fiz um barracão próprio, só para veneno no meu sítio. Tem o barracão para maquinário e um só para guardar embalagem, litro cheio, vazio, e, quando tem a caminhonete, venho trazer aqui em Cornélio ? explica.
Em 2002 entrou em vigor uma lei federal que exige a tríplice lavagem das embalagens e seu destino adequado, a reciclagem ou a incineração. A central de recebimento de Cornélio Procópio tem 62 revendas de agroquímicos associadas e atende mais de cinco mil produtores de 30 municípios da região. O gerente da Associação dos Distribuidores de Agroquímicos do Norte Paranaense, Rodolfo Albino Filho, diz que os produtores se mostram aliviados por ter onde descartar os recipientes.
? Eles não tinham o que fazer com essas embalagens de agrotóxicos. Hoje eles têm um espaço onde compram os produtos nas revendas e as revendas, por sua vez, montaram essa associação para não receberam as embalagens lá, no local de venda deles.
O Paraná tem 14 unidades como esta e fechou o primeiro trimestre com mais de mil toneladas de embalagens recolhidas. Só perde para o Mato Grosso, que atingiu 1,4 mil toneladas nesse período. O Brasil ainda não recolhe 100% das embalagens de produtos químicos que vão para o campo. Mas, já recicla 94% do que chega em centrais.
As embalagens que chegam são vistoriadas e vão para a reciclagem se estão com a tríplice lavagem correta. Caso contrário, é feita uma notificação ao produtor. Somente as embalagens duras e flexíveis utilizadas no preparo de sementes não precisam ser lavadas e vão direto para a incineração. O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, que representa os fabricantes dos produtos químicos, não tem números sobre acidentes e intoxicações no campo, mas contabiliza as vantagens para o meio ambiente.
? São 164 mil toneladas de equivalente carbono que deixaram de ser emitidas. Isso dá 816 mil árvores que deixaram de ser cortadas e 374 mil barris de petróleo que deixaram de ser extraídos do meio ambiente ? explica o coordenador do instituto, Antônio Carlos do Amaral.