Com o clima geralmente quente em Cambé, no norte do Paraná, o criador de aves Antonio Luis Fernandes troca a água dos animais várias vezes ao dia. Agora, com o risco de períodos longos de seca que podem ser provocados pelo La Niña, ele vai pintar de branco o teto do aviário, na tentativa de ajudar a refletir o calor. O produtor já prevê mais custo para manter os ventiladores e os nebulizadores.
? Acredito que vou gastar em torno de 50% a mais com energia elétrica ? afirma o avicultor.
O criador também acredita que em alguns períodos terá de deixar os equipamentos funcionando 24 horas. A temperatura no interior do aviário não pode passar de 24ºC e a umidade do ar tem que ficar em 45%. O conforto térmico das aves evita a morte além do previsto e, consequentemente, prejuízo na produção.
Se o calor no aviário não for controlado, a energia que seria utilizada pela ave para ganhar peso, passa automaticamente a ser consumida pelo organismo para equilibrar a temperatura do corpo. Com isso, a ave não engorda, deixa de ganhar peso e o produtor deixa de receber o valor ideal pela conversão alimentar.
Conversão alimentar é o cálculo de quanto a ave come e quanto ganha em peso por dia. Se ela atingir o peso ideal para abate em até 45 dias, melhor para o produtor. Do contrário, se queimar energia e ainda morrer, é custo perdido com ração e renda a menos. Uma conta que preocupa não só o criador, mas também a empresa integradora.
? Seria normal a morte de uma ave a cada mil frangos. Considerando um aviário com 20 mil aves, seriam 20 frangos morrendo por dia. Em um stress calórico, poderia-se chegar a 100 aves morrendo por dia, ou até mais. Isso representa uma perda de cerca de 1,8 mil a 1,9 mil quilos de carne. O custo para produzir esse frango é de mais ou menos R$ 3 mil. Seriam R$ 3 mil perdidos, jogados fora ? alerta Dionísio Sperandio Neto, veterinário de uma empresa integradora.