Os preços dos grãos e do algodão subiram nos últimos dois meses, alimentando a expectativa de expansão nas margens da SLC Agrícola para o ciclo 2016/2017, destacou o diretor presidente da companhia, Aurélio Pavinato. O executivo falou sobre a expectativa em relação aos preços das principais commodities produzidas pela empresa. A SLC é uma das maiores proprietárias de terras do Brasil e uma das maiores produtoras de algodão, soja e milho.
Pavinato ressaltou que o mercado internacional de algodão enfrentou maior volatilidade neste início de 2016. Chamou a atenção, contudo, para o fato de que, depois de cair para o menor nível em sete anos, no mês de março, os preços voltaram a subir, rompendo 60 cents/lb. Ele atribui à reação dos preços à queda no plantio e aos baixos estoques fora da China. Segundo o executivo, apesar das vendas dos estoques chineses, pelo segundo ano consecutivo o volume armazenado no mundo deve cair, o que reforça a expectativa de recuperação do mercado.
Milho
O cenário para o milho é de preços firmes para nos próximos meses por causa das quebras de safra causadas por falta de chuvas nos últimos meses e do alto volume de milho já comprometido da segunda safra para exportação. “Temos uma quebra importante na safrinha em Mato Grosso”, ponderou. Segundo o executivo, o rendimento no Estado deve se afastar dos 100 sacas por hectare do ano passado. “Uma média de 80 sacas/hectare talvez seja um número plausível.”
Pavinato chamou a atenção também para os prejuízos causados por adversidades climáticas em áreas de safrinha em Goiás e no Maranhão. Para as lavouras da SLC, a estimativa é de queda de 12,3% na produtividade média do milho de inverno, de 7.050 quilos por hectare em 2014/2015 para 6.180 quilos por hectare em 2015/2016.
Ele salientou que muitos compromissos de exportação para o segundo semestre já foram firmados nos últimos meses, o que significa que os estoques continuarão sendo enxugados. “Com a entrada da safrinha, a expectativa era de que o preço voltasse à paridade de exportação. Hoje nossa leitura é de que o preço vai ficar mais perto da paridade de importação.”
Soja
Quanto à soja, Pavinato destacou a alta de preços decorrente da quebra de produção na América do Sul, combinada com demanda consistente. A probabilidade do fenômeno La Niña, que tradicionalmente afeta a produção nos EUA e a do sul da América do Sul, também dá suporte às cotações, conforme Pavinato. Para o milho, ele ressaltou a recuperação dos preços no mercado internacional e a disparada no Brasil, por causa das exportações aquecidas, que resultou em menor oferta interna. Pavinato chamou a atenção ainda para os compromissos de exportação já firmados para a safrinha 2016, associados à menor produção prevista por causa da reduzida quantidade de chuvas no outono.
“Foi um ano-safra desafiante do ponto de vista climático”, destacou o executivo, citando o menor volume de chuvas das últimas décadas no Centro-norte do Brasil, principalmente no Nordeste. Na Fazenda Panorama, localizada na Bahia e que pertence à SLC, o volume de chuvas no ciclo 2015/2016 até o momento foi de 698 mm, enquanto na Fazenda Parnaíba, no Maranhão, o acumulado chegou a 898 mm, em ambos os casos abaixo do nível de suficiência de 1000 mm para pleno desenvolvimento das culturas, conforme a empresa. “Só tivemos eventos assim três vezes nos últimos 25 anos.” Esse quadro climático, segundo Pavinato, prejudicou principalmente as culturas da soja e algodão primeira safra.