Prefeitos e ambientalistas pedem fim das lavouras de arroz no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul

Produtores afirmam que medida não resolveria o problema de baixa no nível do rio que abastece a regiãoA polêmica sobre as lavouras de arroz e a estiagem que provoca baixa no nível do Rio do Sinos, no Rio Grande do Sul, gera apreensão entre os produtores que utilizam a água do manancial para irrigação de suas lavouras. A prática é criticada por prefeitos da região do Vale do Sinos, que culpam o cultivo pela necessidade de racionamento nos municípios. Em algumas partes, o rio chega a 60 centímetros - o mais baixo nível nos últimos 10 anos. Entidades do setor, produtores e representantes do governo

– Nós queremos, em um período de quatro anos, acabar com a produção de arroz na bacia do Rio dos Sinos, diminuindo essa produção em 25% ao ano – diz o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi.
 
Já os produtores afirmam não ter responsabilidade sobre o problema. O agricultor Zoenio Tomazi afirma que a dificuldade não seria resolvida com a extinção das lavouras.

– Se o rio estava com uma vazão, semana passada, de 16 metros cúbicos e a lavoura usando dois metros cúbicos, não resolveria. Sob o meu ponto de vista, não resolveria o problema. Estariam penalizando uma categoria inocente que hoje se encontra legalizada. Então, mais uma vez a lavoura está sendo acusada. O produtor está sendo acusado de uma coisa que ele não é, bandido. O lavoreiro não é bandido – declara.
 
De acordo com o presidente da Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, o objetivo das reuniões deve ter foco no problema.

– Nós não estamos aqui para encontrar culpados, mas sim para buscar soluções. É pela construção de barragens dentro da bacia – aponta.
 
Os prefeitos da região e o Comitê do Rio dos Sinos, no entanto, entregaram em plenária, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, um documento solicitando a extinção das lavouras de arroz.
 
– Nós temos que acabar com a drenagem dos banhados e isso é natural. Não adianta propor barragem, que é um investimento alto e tem um crime ambiental pesado. Nós precisamos combinar de mudar o perfil agrícola da região, que pode ser pecuária, que pode conviver com a questão dos banhados. Não a produção de arroz – acrescenta Vanazzi.
 
O documento deve chegar ainda essa semana para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado, que também é responsável pelas questões hídricas. A secretária, Jussara Cony, diz que aguarda a solicitação e já adianta que a posição do governo do Estado é pela manutenção das lavouras.
 
– O setor produtivo do arroz é uma importante cadeia produtiva do nosso Estado. Inclusive faz parte da nossa cultura. Como governo, nós estamos articulados com todos esses setores dos Comitês de Bacias, no sentido de buscar um racionamento em um momento como esse. Reduzir e não prejudicar a safra do arroz – aponta.