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Produtores de arroz do RS devem reduzir a área plantada

A chuva prejudicou a última safra e dificultou a renegociação de dívidas por parte dos produtores

Fonte: Divulgação/Pixabay

Produtores de arroz do Rio Grande do Sul devem reduzir a área plantada em consequência da última temporada, quando a chuva alagou mais de 2 mil lavouras e derrubou a produção. Além do clima, a dificuldade na renegociação das dívidas é motivo de preocupação pra quem vai plantar o cereal.

Na propriedade do produtor Sérgio Silva, máquinas já preparam a terra enquanto se organiza mais um ciclo da cultura. Silva vai plantar no início de outubro e tudo o que ele mais quer é que a safra seja bem diferente da última. “O maior problema foi excesso de chuvas, que retardou o plantio e nos deixou numa situação meio ‘esnucada’. Plantamos quase no limite e o tempo não ajudou no desenvolvimento da planta e, quando chegou na hora da floração, deu problema de baixa temperatura, causando problema de enchimento de grão”, disse o produtor, que perdeu 15% em algumas áreas plantadas.

Sérgio Silva é apenas um dos tantos que tiveram prejuízo. No Rio Grande do Sul, de onde sai 70% do arroz produzido no Brasil, 2,4 mil lavouras ficaram alagadas, a maioria no sul do estado, resultando em 1,395 milhão de toneladas a menos, segundo levantamento do Instituto Rio Grandense de arroz (IRGA).

“Isso aumentou ainda mais os custos, porque todos eles são calculados em cima de uma produtividade média e essa produtividade foi muito abaixo. Então, os custos chegaram – em alguns cálculos – perto de R$ 50 o saco, que é o preço praticado hoje. Porém, muitos produtores venderam muito abaixo desse preço”, disse Daire Coutinho, presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz.

 Na nova safra, o Rio Grande do Sul não deve repetir a área histórica. Serão 1 milhão de hectares plantados, 500 mil a menos que o ciclo passado,  o que significa a menor intenção de plantio dos últimos dez anos. “Vejo produtores realmente desestimulados ao próximo plantio, apesar de preços históricos bastante consideráveis, mas, nem isso tem dado um alento a esses produtores com objetivo de se manterem bastante mobilizados e motivados ao plantio da próxima safra”, disse Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Fedearroz).

Para compensar as perdas, o produtor Sérgio Silva pretende reduzir a área e plantar 480 hectares. “A gente tem que ter muita precaução nesse próximo plantio, porque não dá pra exagerar em nada”, disse.

Clima

Se no ano passado o clima foi o problemão dos agricultores, agora ele deve salvar a lavoura, com a expectativa de La Niña. Outro fator que traz certo otimismo são os insumos. “Eu devo gastar uns 15% menos esse ano do que foi gasto ano passado. Em 2015, a gente exagerou um pouco e teve também a questão do dólar no custo de fertilizantes”, ressaltou Sérgio.

Para o representante do setor arrozeiro em Brasíli, a principal dificuldade que os produtores vão continuar enfrentando será o acesso ao crédito. “Há uma parcela desses produtores que não estão no crédito rural oficial. Para esses, não houve nenhuma medida que pudessem lhe alcançar e eles também estão renegociando as suas contas de maneira independente com seus fornecedores”, falou Coutinho.

Para o produtor de arroz, a próxima safra já está logo ali e , por isso mesmo, ele está de olho nas mudanças que o setor deve passar. Em Brasília, representantes da cadeia se articulam para garantir a equalização do ICMS, o que daria mais competitividade à indústria do Rio Grande do Sul em relação aos demais estados.

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