Produtores de arroz do Rio Grande do Sul querem revisão do preço mínimo

A categoria também reivindica a retirada da bandeira tarifária na conta de luz, já que a energia elétrica é uma das principais despesas dos arrozeiros

Entidades que representam produtores de arroz do Rio Grande do Sul tiveram uma reunião em Brasília, nesta semana, para pedir à Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura que reveja o cálculo do preço mínimo do cereal para a safra 2016/2017.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) apresentou um levantamento dos custos de produção dos municípios gaúchos de Camaquã e Uruguaiana. De acordo com a entidade, o gasto por hectare é de R$ 6.300, enquanto que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima o custo em R$ 4.800

– A lavoura de arroz teve um enorme crescimento de produtividade, o que aparece nas planilhas da Conab, mas o aumento de custos que levou a essa produtividade – maior uso de insumos, uso de fungicidas etc. – não estava nas planilhas – afirma o vice-presidente de Mercado e Política Agrícola da Federarroz, Daire Coutinho. 

Com relação às exportações, segundo o executivo, o arroz brasileiro está conseguindo atingir mercados que antes não alcançava. Por outro lado, o dólar mais alto inibe a entrada de arroz no Mercosul, o que teria favorecido o aumento de preços no segundo semestre.

Custos de produção

O produtor Celso Bratz, de Camaquã (RS), gastou nesta safra em média R$ 6 mil por hectare da cultura, R$ 1 mil a mais que no ciclo passado. Entre os artigos  que fizeram o custo aumentar estão o fertilizante, que subiu 35% de uma safra para a outra; o diesel, que aumentou 25%; além da energia. 

– A energia elétrica, que representava em torno de R$ 500 por hectare aqui na propriedade, este ano a gente está estimando coisa de R$ 750 por hectare – afirma ele.

Pelos cálculos de Bratz, para ter um lucro mínimo de 20%, a saca de arroz deveria custar R$ 50, ou R$ 10 a mais do que é pago hoje.

– Esses custos estão praticamente inviabilizando a lavoura arrozeira do estado, embora sejam muito heterogêneos em diversas regiões. Isso está ameaçando a sustentabilidade da lavoura – complementa o produtor.

Sem ter como reduzir os custos de produção, os produtores procuram diminuir o impacto com boa produtividade, escolha correta de variedades e buscando evitar desperdícios no preparo do solo.

– É a ferramenta que a gente tem pra trabalhar, para lutar contra estes custos de produção. E a rotação de culturas;, a soja na várzea veio pra ficar e contribui para diminuir o preparo do solo, para, no ano seguinte entrar com lavoura de arroz – diz Bratz.