Produtores desanimam com produção de trigo no PR

Cereal é avaliado mais como uma alternativa de rotação de culturas do que lavoura que gera rendaPelo zoneamento climático do Ministério da Agricultura, oficialmente, o período de plantio de trigo no Paraná começou na sexta, dia 11. Porém, os agricultores não estão com pressa. Este ano, o cereal está avaliado mais como uma alternativa de rotação de culturas do que lavoura que gera renda. Assim, o trigo pode perder o status de lavoura rentável. O período de plantio já começou, mas muitos produtores estão desanimados com o cereal.

No caso da soja, quando a chuva para, o agricultor corre para fazer a colheita, que está no ponto. No lugar, o agricultor Onivaldo Dante, de Cambé (PR), planejou semear seus 500 hectares só com trigo. Mas, segundo ele, não é visando renda e sim a saúde do solo para a soja.

Onivaldo planejou investir no máximo R$ 800 por hectare com trigo para uma expectativa de R$ 24 a saca. Ele não espera mais do que isso e desistiu do milho porque o custo é praticamente o dobro, com riscos iguais. Outras experiências no inverno não deram ao produtor bons resultados diante da alta tecnologia empregada no solo.

? Tentei fazer feijão no inverno e tive prejuízo. Já fiz nabo forrageiro, tremoço e aveia. A aveia é muito boa, o problema é que, no ano seguinte, você quer plantar trigo nessa área e ela está infestada de semente de aveia, que não pode misturar no trigo ? explica o produtor.

A primeira estimativa de plantio de trigo realizada pelo Departamento de Economia Rural, da Secretaria de Agricultura do Estado, aponta uma redução de 11% na área. A produção, que em 2010 foi de 3,4 milhões de toneladas, pode baixar 17%. Nem a notícia de novos mercados de exportação anima os produtores. O presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissantti, diz que é preciso políticas de preço sérias. Ele também propõe uma negociação direta com os compradores.

? Basta você procurar o moinho e as cooperativas para fazer uma parceria, perguntando: você quer que tipo de trigo? Qual a qualidade? Qual é a classificação? E fazemos um contrato. Você escolhe a semente, eu planto e você adquire a mercadoria. Essa seria uma amarração que traria uma segurança a mais para o agricultor. A gente está vendo que poucos são os compradores e que está difícil encontrar segurança nos preços de trigo ? afirma Pissanti.

Quando perguntado se os moinhos estariam dispostos a fazer esse tipo de contrato, o presidente afirma:

? De repente, sim. Porque nós estamos vendo que os preços internacionais estão muito altos, além de tudo o que você adquire do governo hoje por um preço elevado influencia na inflação, tem uma série de coisas aí que a gente precisa medir ? completa.