O produtor rural Gesiel Porciúncula plantou 300 hectares de arroz na fronteira do Brasil com o Uruguai. O investimento na lavoura e na compra de maquinários fez crescer a dívida acumulada nos últimos anos. Ela chegou aos R$ 800 mil.
? Só prorrogar a dívida não adianta, porque vai chegar um momento que isso vai estourar. Vai juntando com as outras dívidas. Temos que plantar a lavoura de novo e acabamos pegando o custeio ou nos endividando em firmas particulares, pagando juro caro, o que não resolve. Cada vez vai aumentar mais o nosso problema. Nós temos que ter um preço mínimo decente para poder trabalhar ? relata.
O adiamento da cobrança de operações de investimento e crédito pedido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul pode beneficiar 96 mil produtores do Estado. Mas a Fetag quer que o governo prolongue para 15 anos o prazo para pagamento das dívidas de 2003 a 2009.
? Temos lançados em prejuízo R$ 180 milhões. Temos mais R$ 450 inadimplentes e temos ainda por vencer, até o final de 2011, R$ 633 milhões de dívidas de investimentos agropecuários, além dos R$ 192 milhões do crédito emergencial. Então, este é o cenário neste momento e que nos preocupa. Nós estamos antevendo uma situação que deverá se agravar nos próximos dias se não houver uma alternativa ? afirma o assessor de política agrícola da Fetag, Airton Hochscheid.