Ainda nessa quinta, dia 18, Mendes Ribeiro já se encontrava com representantes do setor. Como líder do governo no Congresso, teve uma reunião com o presidente da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto.
Até então distante dos pleitos do campo, o deputado federal assume a pasta com o desafio de aprender a lidar com a robustez e a delicadeza da agricultura brasileira. A pouca experiência na área, no entanto, é compensada por quase 30 anos de vida pública.
? Esperamos bastante dele. O fato de ser daqui do Rio Grande do Sul vai facilitar que nossos pleitos sejam ouvidos ? disse o presidente da Cooperativa Agropecuária e Industrial de Ijuí (Cotrijuí), Carlos Domingos Poletto.
Mesmo para quem não tem ligações com o Estado, a indicação de Mendes é respaldada com confiança e respeito. A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), disse nessa quinta que o novo ministro pode vir a ser um “importante interlocutor” do governo na estruturação de uma política agrícola mais moderna. Receoso quanto à pouca proximidade de Mendes com o setor, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, acredita que o desempenho de Mendes dependerá da montagem da equipe técnica.
? Esperamos que ele escolha bons técnicos para assessorá-lo ? recomendou.
Farsul discute preço pago à produção do arroz e a renegociação das dívidas do setor
Ainda em seu gabinete na Câmara, em Brasília, Mendes encontrou-se com o presidente da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, na quarta pela manhã. A pauta principal do encontro foi o baixo preço pago à produção do arroz e a renegociação das dívidas do setor. Mendes recomendou que o tema fosse levado ao ministério para ganhar mais peso.
Sperotto garante que, àquela hora, não sabia que o deputado seria alçado ao cargo de ministro da Agricultura. Fontes próximas a Mendes e ao líder rural contam, no entanto, que Sperotto teria sido um dos primeiros representantes do agronegócio a ser informado da articulação do PMDB para a indicação do nome de Mendes.
? Eu não sabia e nem ele sabia, já que o Wagner Rossi ainda não havia pedido demissão ? afirma Sperotto, que diz ter recebido a notícia pela imprensa.
Depois do anúncio de que o deputado assumiria o ministério, os dois ainda não conversaram: o próximo contato deve ser para agendar a visita do ministro ao Rio Grande do Sul na Expointer, que ocorrerá de 27 de agosto a 4 de setembro, em Esteio (RS).
Os conselhos dos ex-ministros
Ao receber o telefonema do novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, na tarde dessa quinta, o ex-titular da pasta Francisco Turra disparou o primeiro conselho ao peemedebista.
? Você tem de escolher pessoas certas para o lugar certo ? reforçou Turra.
Na conversa, Mendes convidou o ex-ministro para um encontro, em Brasília, na próxima terça, dia 23. Ele dirigiu o ministério de 1998 a 1999.
Outros gaúchos que passaram pelo ministério também reforçaram que é preciso ter cautela na escolha da equipe. É o caso de Marcus Vinicius Pratini de Moraes, que sucedeu Turra e permaneceu na pasta até o final do governo Fernando Henrique Cardoso. Pratini avalia que o novo titular poderia valorizar os técnicos da pasta.
? Não nomeie quem você não pode demitir ? alertou o ex-ministro, que conversou rapidamente com Mendes por telefone nessa quinta.
Pratini, que atualmente é presidente do comitê de estratégia empresarial do JBS Friboi, ainda destacou que o Mendes não pode falhar em dois aspectos: confiança do produtor brasileiro e investimentos em tecnologia para aumentar a produção.
Ministro de 1985 a 1986, durante o governo José Sarney, o senador Pedro Simon (PMDB) recomendou que Mendes procure conhecer o passado dos integrantes de sua equipe.
? Não adianta indicarem A, B ou C, desse ou daquele partido. Interessa saber se tem ficha limpa e se tem capacidade para o cargo. Eu tenho certeza que ele vai fazer isso ? afirmou Simon.