Em uma propriedade de Jaraguari, por exemplo, não chove há quase 30 dias, o que é motivo de preocupação para o capataz Odair Ferreira de Souza. No ano passado, mais de 400 hectares da fazenda foram destruídos por um incêndio que levou sete dias para ser controlado, causando um prejuízo de R$ 80 mil. Para tentar evitar que isso volte a acontecer durante a estiagem prolongada, a estratégia é redobrar a atenção.
Souza diz que está observando constantemente as propriedades da vizinhança e que, ao menor sinal de fogo, já fica em alerta e se mobiliza com outros vizinhos para evitar que ele possa se alastrar.
Esta precaução se justifica devido à época do ano, pois os meses de julho, agosto e setembro são considerados os mais críticos em relação aos incêndios na área rural. No ano passado, mais de 75% dos 2.577 focos de calor registrados em Mato Grosso do Sul aconteceram durante a estiagem.
Há três semanas, o Ministério do Meio Ambiente publicou uma portaria decretando situação de emergência ambiental em MS e outros 12 Estados, além do Distrito Federal. A iniciativa é um alerta para reforçar a prevenção aos focos de calor nesta época do ano, quando a vegetação seca se torna um perigoso combustível para a propagação do fogo.
O chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Francimar Vieira da Costa, afirma que, com o campo seco, o calor e o vento constante, a possibilidade do fogo se alastrar é bem maior, o que exige muito mais atenção dos bombeiros.
Este ano foram registrados 106 focos de calor no Estado, quase seis vezes menos que no mesmo período do ano passado. Apesar da redução, as queimadas controladas estão proibidas até o dia 30 de setembro.
Márcio Yule, coordenador do Prevfogo do Ibama no Estado, fala que a medida é uma forma de reduzir os riscos de novos incêndios florestais e que a queimada controlada só é permitida para a queima da cana-de-açúcar e de pastagem para a produção de sementes. Mesmo assim, deve ser autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente ou prefeitura local.
No ano passado, foram registrados 75.234 focos de calor em todo o Brasil, enquanto 2008 já registra 3.670 ocorrências.