Na última safra foram produzidas 27 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul, volume colhido em uma área 16% maior do que a plantada na safra anterior. Foram mais de 320 mil hectares cultivados e a previsão é que até 2015 os canaviais possam ocupar 1 milhão de hectares no Estado. Mas este avanço deve encontrar alguns obstáculos, entre eles a proibição de cultivar o produto na bacia do Alto Paraguai, restrição apresentada no plano de zoneamento lançado pelo governo.
O anúncio não agradou às autoridades do Estado, que criticaram o projeto da União. Esta semana o governador André Puccinelli encaminhou à Assembleia Legislativa a proposta de zoneamento agroecológico, estudo que, entre outros pontos, defende justamente o plantio de cana-de-açúcar na bacia do Alto Paraguai.
O projeto é o primeiro passo para o zoneamento ecológico e econômico, estudo que deve orientar o desenvolvimento de atividades econômicas conforme as características de cada lugar. O estudo envolve a participação de 92 entidades, que concluíram que o plantio de cana-de-açúcar em parte desta região não irá causar danos ambientais.
De acordo com o líder do governo na assembleia, a área que receberia sinal verde para a implantação dos canaviais compreende 20 quilômetros no entorno do Pantanal. Já o zoneamento proposto pela União veta este plantio, reduzindo em pelo menos 15% a área economicamente viável para o cultivo de cana no Estado.
O deputado estadual do PMDB Youssif Domingos diz que o Estado fica frustrado com o projeto, já que há o interesse de permitir o plantio de cana em parte da bacia do Alto Paraguai e esta proibição compromete o avanço do setor no Estado.
Ele diz ainda que o projeto de Mato Grosso do Sul deve ser votado ainda este ano. Se for aprovado antes da proposta da união se tornar lei, o Estado passará a tratar o tema de acordo com sua legislação, o que abre espaço para possíveis conflitos políticos entre as esferas estadual e federal.
O assunto gera polêmica não apenas entre a classe política. Alguns ambientalistas concordam com o veto proposto pelo governo federal, e são contra a permissão do avanço do setor sucroalcooleiro para algumas regiões.