A ideia do grupo de pesquisadores é investir em ações que deverão começar já na safra 2010/2011, como a elaboração do mapeamento da Soja Louca II que começará por Mato Grosso, mas poderá se expandir para outros Estados. Além disso, serão elaborados relatórios informativos para auxiliar o produtor, envio de questionários para identificação de sintomas nas áreas de maior incidência do distúrbio, registro do histórico de ocorrência do problema e ainda estudo dos fatores relacionados ao aparecimento da anomalia.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) irá liderar o processo de subsidiar os associados e produtores do Estado com as informações que forem originadas a partir dos estudos do grupo.
A Soja Louca II ocorre quando a planta não amadurece e registra alto índice de abortamento de flores e vagens. O distúrbio na soja ainda é de causa desconhecida e já provocou prejuízos econômicos em algumas regiões produtoras de soja na última safra, principalmente na região Norte de Mato Grosso.
O gerente técnico da Aprosoja-MT, Luiz Nery Ribas, destaca que uma das sugestões feitas durante a reunião é que o Grupo de Trabalho possa evoluir para um consórcio, aos moldes do consórcio Antiferrugem, com foco na anomalia que tem causado principalmente perdas de produtividade nas lavouras de soja.
? Tecnicamente, ainda não há dados consistentes para fazer indicações aos produtores, mas a criação do grupo deverá auxiliar os sojicultores no melhor entendimento sobre o problema ? diz Ribas.
? Já percebeu-se que a anomalia atingiu tanto cultivares transgênicas quanto convencionais ? afirma o pesquisador da Embrapa Soja-GO, Maurício Meier.
Ele lembra que a Soja Louca já existe há vários anos e o ataque ocorre por causa do percevejo verde e por condições de clima. Já as causas da Soja Louca II ainda são desconhecidas.
De acordo com o professor de Entomologia e Agronomia da Universidade Federal da Grande Dourados (MS), Paulo Degrande, é importante lembrar que existem pelo menos 11 principais causas que podem impulsionar o aparecimento de sintomas da Soja Louca II.
? Acreditamos que possam existir muitas causas para o aparecimento da deformidade e que estas causas provavelmente estão relacionadas. Nesta quinta, por exemplo, discutimos bastante sobre a suspeita de que um tipo de ácaro habitante em abundância nos solos brasileiros pode ser um dos causadores do distúrbio na Soja Louca II ? avaliou.
Para o fitopatologista José Tadashi, este é um bom momento para incentivar as boas práticas agrícolas e a agricultura de precisão, a fim de identificar o que está errado e aplicar as tecnologias necessárias.
? Entramos em consenso de que o ideal é investir em manejo físico e químico do solo, por exemplo. A criação dessa rede de pesquisa deverá reunir estudiosos de várias áreas e instituições com foco de minimizar, para então, encontrar soluções para a anomalia ? explica Tadashi.