No último dia 3, o BC adotou medidas macroprudenciais ao aumentar as exigências para concessão de crédito ao consumidor, além de elevar os depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados na instituição. O aumento do depósito compulsório retira de circulação R$ 61 bilhões e, assim, os recursos que os bancos têm disponíveis para emprestar diminuem.
Na ata da sua última reunião, divulgada nesta quarta, dia 15, o comitê explica por que decidiu manter a Selic em 10,75% ao ano. O BC usa a taxa como um instrumento de controle da demanda por bens e serviços, para assim conseguir alcançar a meta de inflação estabelecida pelo governo, que é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos, em 2010 e no próximo ano.
Na avaliação do Copom, é preciso “tempo adicional para aferir melhor os efeitos dessas iniciativas [medidas adotadas] sobre as condições monetárias”. “O comitê entendeu não ser oportuno reavaliar a estratégia de política monetária nessa reunião e irá acompanhar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”. A próxima reunião do comitê será realizada em janeiro de 2011.
Segundo a ata da reunião, há “certa equivalência entre ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária” e “a importância desse vínculo tende a crescer com o aprofundamento do mercado de crédito, fenômeno observado no Brasil nos últimos anos”. Na avaliação do comitê, com o aumento das exigências na concessão de crédito e a redução dos recursos disponíveis para emprestar, há redução da demanda e, por consequência, efeitos na inflação.
Entretanto, na avaliação do comitê, as ações macroprudenciais “se inserem em um processo abrangente, que inclui, entre seus objetivos, a reversão de estímulos introduzidos para contrabalançar os efeitos sobre a economia brasileira da crise de 2008/2009”.
Ainda segundo a ata, “junto a outras, constituem sequência de iniciativas que visam a adequar as condições financeiras domésticas ao ambiente pós-crise, caracterizado por intenso contraste entre os cenários prospectivos para os principais blocos econômicos”.