Com o tema “Marketing do arroz + feijão: A dupla imbatível que precisa se reinventar”, no encontro foi apresentada uma base da nova campanha publicitária, que deve ser lançada em breve, incentivando o consumo dos produtos no Brasil. Nos últimos 40 anos, o consumo de arroz e feijão caiu no país e tem preocupado os produtores das culturas.
— O enfoque maior é a questão do consumo. A compra de arroz de países do Mercosul faz sobrar produto, pois o grão importado chega com preço menor. O excedente de produção é o maior problema que temos. Existe uma projeção para que em 2020 sobre oito milhões de toneladas de arroz — afirmou o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha.
A campanha foi apresentada durante o evento pelo diretor da Agência Pública Comunicação, José Luiz Monteiro Fuscaldo. Ele creditou a queda a uma mudança cultural e econômica do Brasil nos últimos anos.
— O aumento da renda familiar faz com que as pessoas comam mais fora. O aumento da classe C no país também influencia nas questões de consumo. Além disso, nos últimos anos não houve divulgação em mídia do arroz. Dessa forma, o mercado oferece uma série de produtos que acabam tendo a preferência da população — afirmou Fuscaldo.
Apelar para a brasilidade e trabalhar o aspecto afetivo do prato na vida do brasileiro também são estratégias da ação.
– O consumo vai melhorar, na medida que a gente conseguir fazer isso
através de um apelo mais emocional. Embora também em um tom impositivo. Nós
até falamos que seria como o tom de mãe, que é a pessoa que ainda decide o que os brasileiros vão comer ou não. E a mulher é o nosso público alvo definido como prioritário na campanha. Então, vamos usar um tom afetivo, mas também imperativo. Arroz e feijão tem que ter na mesa do brasileiro – salientou Fuscaldo.
De acordo com ele, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou queda no consumo de arroz e feijão especialmente nas regiões Sul e Sudeste, as mais ricas do país.
— Ao longo do tempo, feijão e arroz tiveram uma variação pejorativa, como se fosse comida de pobre. A ideia da campanha será fortalecer o prato como preferência nacional, reposicioná-lo como prato principal. É preciso disseminar a informação nutricional do arroz e feijão e valorizar o consumo do produto — explicou.
Durante o fórum foram apresentados os três eixos que serão sustentados pela campanha: valor nutricional, econômico e gastronômico do arroz. Segundo cálculos da Pública, seriam necessários de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões para colocar a iniciativa em prática.
– Esse é um recurso pouco, se a gente comparar com o que representa o Produto Interno Bruto (PIB) do arroz e feijão para o Brasil. Ou então o que uma crise de preços pode levar o governo a injetar de recursos no setor. Na safra passada, foram injetados R$ 1,2 bilhão para conter a crise do arroz, que não chegou a atender todo o setor produtivo – apontou Rocha.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira, afirmou que a campanha não é simples e necessita de muitos recursos financeiros e articulação entre toda a cadeia produtiva.
— O governo do Estado é parceiro. Nós queremos participar com toda força do processo, mas desde que não seja o esforço apenas de um Estado e sim de toda a cadeia produtiva. Devemos criar um tipo de fundo com recursos de todos os produtores de arroz do Brasil. Para que esse fundo tenha flexibilidade entre os Estados, todos devem participar e se comprometer — afirmou Pereira.
A nova campanha de incentivo ao consumo de arroz também recebeu apoio do presidente do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado (Sindiarroz), Élton Doeler, que sugeriu a criação de uma bolsa arroz e feijão.
— Acredito que nós precisamos ter ações pesadas na mídia. A gente vê tantos incentivos no Brasil, vamos criar uma bolsa arroz e feijão. Devemos criar uma tributação zero para arroz e feijão e tornar o produtor mais popular do que já é — comentou.