? É a primeira vez que a Rússia se mostra disposta a negociar ? afirmou por telefone, de Ribeirão Preto (SP).
Na volta do encontro com autoridades russas, no entanto, Rossi trouxe apenas sinalização do principal importador de carne bovina do Brasil, não ações concretas.
O ministro relatou que os russos estudam as opções para continuar a comprar carne de vários países do mundo. Uma delas seria a extinção das cotas geográficas pela tarifação maior para todos os produtos importados. Atualmente, a cota geográfica significa uma taxa menor para exportadores até um certo volume de produtos. A partir daí, a cobrança de impostos de importação pode ser de até 100%, caso dos frangos. Estados Unidos e União Europeia possuem a maior fatia dessas cotas e o Brasil está em “outros países”.
Essas duas possibilidades ? a cota geográfica ou o uso de tarifas de importação generalizadas ? dividiu os próprios empresários brasileiros que acompanharam o ministro na missão. Segundo Rossi, enquanto o representante dos produtores de suínos mostrou-se favorável ao uso de tarifas de importação, o dos bovinos avaliou que isso pioraria a situação brasileira, pois tiraria a competitividade dos produtos nacionais.
? Resumindo: eles (os russos) têm dúvidas, nós temos dúvidas ? comentou Rossi.
Para ele, é preciso estudar com mais detalhes qual das situações seria realmente a mais favorável para o Brasil. O ministro informou ter sugerido às autoridades russas que o melhor seria o sistema de cotas, mas sem que houvesse a divisão geográfica.
? Fiz a proposta porque sei da competitividade brasileira. Europeus e americanos sabem que vão perder se disputarem conosco ? avaliou.
As discussões têm de ser cuidadosas, segundo o ministro, porque a Rússia é o principal importador do produto brasileiro.
? Não podemos também impor uma situação monopolista ? disse.
Ele acrescentou que os empresários russos mostraram-se animados em aumentar o volume de produto importado do Brasil. O ministro, no entanto, ouviu reclamações dos importadores de que sistema adotado pelo Brasil é lento e burocrático.
? Reconheço que temos um grande caminho a avançar ? afirmou Rossi.
Por isso, segundo ele, reuniões técnicas serão feitas na próxima semana para discutir como desburocratizar o processo. O ministro admitiu que o Brasil descumpre prazos para liberação de novas plantas que possam ser fornecedoras para a Rússia e que o país também tem problemas de agilizar análises laboratoriais a tempo dos pedidos.